Feudalismo foi um sistema político-econômico e cultural que vigorou na Europa Ocidental cristã que inicia lá na Alta Idade Média. Este sistema ganha força com o Império de Carlos Magno, onde a concessão de feudos (garantias de vantagens e uso de algum bem) tornava-se necessária para que ele conseguisse apoio de nobres e guerreiros nas guerras de expansão do seu Império. Esse processo de concessão de um feudo era chamado de Vassalagem, um juramento de fidelidade e obediência em que um chefe guerreiro se comprometia a viver sob as ordens de um Senhor (ancião ou suserano) recebendo um feudo e a proteção deste juramento, tornando-se desta forma um vassalo (jovem), era uma relação de certa maneira parecida com a de um pai para um filho.
O mundo feudal era regido pelas leis da Igreja, graças a religião, que regulava desde o nascimento, o sexo, as festas até mesmo a morte da pessoa, havia um centro cultural que mantinha a possibilidade destas relações entre senhores e vassalos e em relação aos camponeses. A Igreja tinha como ideia de sociedade uma necessidade tripla de divisão social, onde o clero era responsável por promover as leis de Deus, os nobres guerreiros eram responsáveis pela proteção do clero e do campesinato e estes camponeses infelizes tinham como destino alimentar ambos os grupos, cientes que as mazelas da sua condição eram necessárias para a purificação da sua alma. Dominando a cultura local e grande parte dos feudos, a Igreja é o principal motor deste processo feudal.
Triste era ser camponês, ele correspondia por volta de 80% da população, sobrevivendo dentro das condições variáveis da agricultura do seu tempo. Quando um camponês não conseguia se manter com a sua produção, ele deveria tornar-se um Servo (palavra originária de escravo) do senhor de suas terras, neste caso além da sua produção, parte do seu tempo excedente era destinado a serviços para o seu senhor. O camponês livre era chamado de vilão. Com o fortalecimento do sistema feudal, a servidão tornou-se predominante. Quando o servo estava preso a terra do seu senhor, ou seja, não tinha liberdade para sair daquele lugar, nós chamamos de Servidão de Gleba. Mesmo assim, servidão e escravidão são termos diferentes. O Servo não era considerado uma propriedade do seu senhor, não podendo ser separado da família ou vendido, diferentemente da pessoa escravizada.
Os senhores feudais tinham liberdade para cobrar diversos impostos e serviços dos camponeses presentes em suas terras. Os servos tinham que cumprir a Corveia, que eram serviços praticados para os senhores durante determinados dias da semana. Existia também a Banalidade, que era um pagamento de uma taxa sobre instrumentos e instalações utilizados pelo camponês nos quais pertenciam ao senhor feudal, como fornos, moinhos etc. Ah, não esqueçamos dos impostos, sufocantes na maioria das vezes. O imposto geralmente era deduzido de parte da produção do camponês. Nos feudos, havia ainda outras taxas, como em relação a gravidez da camponesa ou o direito de pernada (quando a primeira noite da camponesa era um direito do senhor feudal) esta cena está presente no filme Coração Valente, bem no começo. Todas estas taxas e impostos desagradavam o servo, existindo diversas revoltas nesta relação, mas como o senhor feudal tinha uma força bélica superior e vivia numa fortaleza, geralmente estas ações dos camponeses tinham como resposta uma violência ainda maior por parte de seu senhor. Será graças a Igreja (detentora da maior parte das terras cristãs) que este movimento feudal vai se espalhar pelo ocidente cristão durante os séculos X, XI e XII.Este modelo feudal dá certo, há um crescimento demográfico e de trocas comerciais. Vilas são criadas entre os feudos para facilitar o comércio, nascia uma nova configuração social, o burgo. Burgo vinha da palavra germânica burg (fortificação) pois aquelas vilas ricas em produtos variados, foram se fortificando com o passar do tempo, sendo que muitas delas conseguiam se desvencilhar dos laços feudais, tornando-se independentes. Esses burgos vão ganhar espaço no mundo medieval do ocidente, pois com as Cruzadas nós temos um aumento das regiões de comércio através do mar Mediterrâneo. Além disso, filhos de senhores feudais que não herdavam feudos, partiam para a vida urbana, assim como muitos servos que fugiam das relações de dependência do Senhor Feudal. Os comerciantes mais destacados dos burgos vão formar uma espécie de nobreza (alta burguesia) dominando as cidades de forma até mesmo hereditária (como a família Médici em Florença). A partir daí nós temos um movimento crescente da classe burguesa em relação a nobreza feudal existente. Não esqueçamos que os burgos são movimentos antifeudais e anticlericais, pois iriam na contramão da cultura de laços de dependência existentes no meio rural.