IDADE MÉDIA - A CONSOLIDAÇÃO DO MUNDO CRISTÃO (DA ANTIGUIDADE TARDIA A ALTA IDADE MÉDIA)


Calma, alta não tem relação com altura nesse momento. Muitos dividem a Idade Média por local (Idade Média Oriental e Ocidental) e por tempo, até o ano 1000 (Alta Idade Média) e após o ano 1000 (Baixa Idade Média). Então nós já dividimos a Idade Média por local, estudamos o Oriente na aula anterior, mas para falarmos de maneira geral, vamos ter que dividir por tempo. E no Ocidente até o ano 1000 nós teremos mudanças e permanências bem interessantes a partir de agora.

Após a queda de Roma em 476 nós continuamos observando elementos que já aconteciam antes da queda do Império Romano, como a ruralização (mais atividade no campo e esvaziamento das cidades) e as invasões bárbaras. Além disso nós temos a fragmentação do poder no ocidente. Após o Fim de Roma, diversos reinos menores se estabeleceram, aproveitando-se, é claro, do máximo de estrutura Romana que conseguissem. Esses reinos menores eram mais frágeis que o Império Romano, mais instáveis (a luta pelo poder aumentou) e com o tempo as estruturas romanas foram desaparecendo, como os aquedutos, os banhos, os prédios públicos e até mesmo a escrita. Desde a crise romana, a capacidade de trazer alimentos de outros lugares do mundo para a Europa decaía, com isso, a população local dependia cada vez mais da agricultura local, fortalecendo as relações de colonato. Com isso, qualquer tragédia climática trazia fome, violência e é claro, morte! Num ocidente cada vez mais rural, a boa colheita tornava-se uma providência divina. A Igreja se mantinha cada vez mais presente na vida das pessoas. Entre os séculos V e VIII nós temos uma queda demográfica no ocidente, de 30 milhões para 15 milhões de pessoas, com muitos relatos de infanticídios, canibalismo e de homens se alimentando até mesmo de fezes humanas.

Neste contexto de fome e miséria, existiram alguns bolsões de estabilidade, graças aos líderes de tribos bárbaras que conseguiram manter uma unidade do seu povo, criando alguns reinos. Um destes reinos era o dos francos, cujo líder Clóvis, havia sido convertido ao cristianismo em 481, levando consigo todo o seu reino para o mundo cristão. Mas como a tradição germânica também previa a divisão da terra entre herdeiros, o reino franco se encontrou bastante enfraquecido no século VIII, sendo quase absorvido pelos Sarracenos (muçulmanos) que só foram freados após a batalha de Poitiers em 732. Enquanto isso a Igreja Católica (que já havia se estruturado nos anos anteriores) estava numa situação difícil, devido ao "abandono" dos romanos do Oriente, preocupados com as invasões árabes em seu território.

Religião e governo irão se encontrar novamente a partir do filho de Carlos Martel (general vencedor em Poitiers) Pepino, o Breve. Utilizando o prestígio do seu pai e a instabilidade da dinastia Merovíngia, Pepino vai buscar na figura do Papa, a aprovação para poder se tornar rei dos Francos. Em troca, a Igreja ganharia territórios na península itálica (Pepino expulsaria os lombardos) e o direito de cobrar o dízimo (uma décima parte) dos ganhos dos fiéis. O sucessor de Pepino, seu filho Carlos Magno, vai aumentar sua relação com a Igreja, sendo coroado em Roma no ano 800 como Imperador Romano, um ultraje para os bizantinos, a Igreja do Ocidente se afastava definitivamente do Oriente. 

Com Carlos Magno, há uma expansão do Império Franco e consequentemente do cristianismo para o centro da Europa, novos povos seriam cristianizados, como os saxões. É no governo de Carlos Magno que nós percebemos uma mistura de princípios romanos (com um certo renascimento da cultura latina, como na criação de escolas e do uso do latim nos documentos do Império)  com a cultura germânica, principalmente nas relações de dependência. Como assim? Carlos Magno vai expandir seu Império concedendo terras aos seus cavaleiros (chefes militares aliados). Desta forma ele distribuirá Condados (porções de terra próximas as suas) e Marcas (terras mais afastadas e portanto mais autônomas). O nascimento de Condes e Marqueses vai acabar descentralizando o poder real e fortalecendo o poder local. Muitas terras do Império vão pertencer a bispos da Igreja.


 O filho de Carlos Magno, Luís o Piedoso, até vai manter as políticas do pai, porém seus filhos vão dividir o reino entre si, enfraquecendo a dinastia Carolíngia e permitindo a ascensão de outro povo, os Saxões, serão eles que vão herdar a condição de Império Romano conseguida por Carlos Magno. Através de reis como Otto II e Henrique, os saxões vão dominar grande da Europa central, convertendo novos povos, como os poloneses e venetos e escolhendo até mesmo o cargo para o papado. 

Enquanto isso, no norte da Europa (Dinamarca, Suécia e Noruega) há um provável crescimento demográfico daqueles povos pagãos que viviam nas regiões mais gélidas do continente. Percebendo o enfraquecimento das terras ao sul e sua necessidade de enriquecimento e produtos alimentícios, os povos do norte começam uma série de incursões as regiões mais ao sul de suas terras, como as terras da Bretanha (Ilhas da Grã-Bretanha e Irlanda) e às regiões dominadas pelos Francos. Com sua Drácar (navio característico), esses povos conseguiam entrar pelos rios, realizando incursões rápidas de saque aos monastérios e cidades locais, sequestrando, matando e roubando bens locais. Para os Francos, eles seriam chamados de Normandos (homens do Norte) e para os reinos da Bretanha eles seriam os Wicingas (piratas) dando origem ao nome de Vikings. 

 Era muito difícil para os reinos cristãos defenderem-se dos Vikings, pois os exércitos destes reinos demoravam a ser mobilizados (devido a fragmentação das terras) e sua cavalaria pesada era lenta em relação as investidas nórdicas. Da mesma forma, esta descentralização não permitia aos Vikings uma conquista territorial efetiva na região. Os incastellamentos (construção de Castelos) no interior do território, impossibilitavam uma campanha militar definitiva sobre a totalidade dos reinos cristãos, o que forçava os Vikings a certos acordos pela posse de terras no reino cristão, como a posse da Normandia por Rollo (líder Viking). O período denominado de Invasões Vikings começa com a primeira invasão em Lindsfarne em 793 e vai terminar quando o Império de Canuto da Dinamarca é dividido após a sua morte. A Cristianização termina com a cultura Viking existente. Um dos últimos reis Vikings (Haroldo Hardrada) é derrotado pelo rei Haroldo da Inglaterra. Após a vitória de Haroldo, o mesmo acaba morrendo ao tentar impedir uma invasão dos Normandos liderados pelo rei Guilherme. A Normandia era um reino de descendentes dos Vikings que haviam sido cristianizados, mas a campanha de unificação da Inglaterra ocorreria apenas com o rei Guilherme.

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