O VALE DOS REIS - EGITO ANTIGO NO MÉDIO IMPÉRIO

Rá, o deus-rei, era o representante mais poderoso do panteão de deuses egípcios durante o Médio Império. Numa mitologia no qual ele surgira do caos, haviam outros deuses que se destacavam, os principais eram filhos de Nut (céu) e Geb (terra). Osíris, Set, Isis e Néftis marcavam a mitologia egípcia e a crença numa vida após a morte. Mas como? O deus Set enfrenta Osíris e acaba despedaçando o mesmo. As irmãs de Osíris montam seu corpo e o filho Anúbis envolve o corpo do pai com linho. Ressuscitado, Osíris (a primeira múmia) engravida Ísis e deles nasce Hórus. Osíris decide se tornar o deus dos mortos. Hórus e Set vão disputar o trono do Egito e nesta luta ambos saem feridos. Osíris, porém, refaz o olho de Hórus, símbolo famoso até hoje, e Set é exilado no deserto... bom, essa é uma pequena versão da religião egípcia pregada no Médio Império, porém, neste período surge mais um deus. Ele seria chamado de Amon e acompanharia o egípcio para fora de seus domínios, tornando-se o deus mais importante do período.


O MÉDIO IMPÉRIO (2070 - 1780 A.C.)

Como um Império fragmentado retorna as suas origens anos depois? A Cultura egípcia tinha algumas características que favoreceriam esse processo. Era uma cultura marcada pelo continuísmo, conservadorismo, pela tradição, hierarquia e principalmente pela subordinação do desejo individual às demandas da Ordem. Só assim foi possível para o Egito sair do seu Primeiro Período Intermediário (2160-2070 a.C.), um período histórico marcado pela anarquia dos Nomos e descentralização do poder.
Durante este primeiro período intermediário, nós observamos o fortalecimento dos nomos, ou seja, dos governos locais. Mas foi a partir do Nomo de Tebas que Mentuhotep retoma o controle do Delta do Nilo e restabelece o Império Egípcio. E desta forma, entre os anos de 2070-1780 a.C. nós temos um outro período da História egípcia marcado pelo poder do Faraó - o Médio Império.
O Médio Império foi um período de mudanças. Para começar Mênfis (no Baixo Egito) deixaria de ser a capital, a cidade substituta ficaria no Alto Egito, era a vez de Tebas. Esta nova capital abrigaria faraós mais desconfiados, e sem a mesma áurea do Antigo Império, eles se sentiriam mais vulneráveis. Como eu falei no começo, a religião vai se modificar, surge Amon, um deus multiforme e sincrético, ou seja, poderia ser associado a outros deuses (Como Rá) e viajar até mesmo para fora do Egito. Com o tempo Amon vai ganhar espaço e vai assumir a posição de deus imperial, tornando-se essencial para a nova política do Egito. Sim, o Egito assumiria um papel maior no exterior, com envio de expedições militares para o sul (assumindo uma posição de dominação e apaziguando conflitos na Núbia) e criando fortalezas no norte (evitando invasões da Ásia). O Comércio cresceria, agora os Egípcios teriam novas rotas e relações comerciais tanto na Ásia quando na Núbia. Até mesmo a escrita Hieroglífica iria se adaptar em alguns casos, tornando-se cursiva - o que facilitava sua escrita e seu entendimento. Esta escrita ficou conhecida como Hierática.



As pirâmides, muitas delas saqueadas durante o primeiro período intermediário, foram substituídas por templos funerários, muitos deles feitos em montanhas rochosas - como o templo de Deir El-Bahari. Surgiria na região de Tebas, diversos complexos funerários, num local que ficou conhecido como Vale dos reis.


 

A partir de Sesóstris a décima segunda dinastia se mostra em constantes conflitos com os povos da Ásia. Observamos as construções defensivas de Amenemés I e uma expedição punitiva à Palestina. Pela primeira vez podemos observar escravos asiáticos no Egito. A décima segunda dinastia também marcou presença hegemônica ao sul, entre a primeira e segunda catarata, construindo fortalezas e apaziguando conflito com os povos da Núbia. A partir daí nós percebemos uma maior atividade no reduto de Fayum ao sul do Egito.
Por volta de 1790 a.C. a décima segunda dinastia fica sem herdeiros e uma nova dinastia surge, porém, esta já não governa o Egito em sua totalidade. Os Hicsos invadem e dominam o Egito, mas ao invés de impor a sua cultura aos egípcios, percebemos que há um movimento contrário - os hicsos preferem absorver a cultura egípcia. Entrávamos por volta de 1780 a.C. num Segundo Período Intermediário - com o domínio hicso principalmente no baixo Egito, onde os líderes eram indicados ou faziam parte do próprio povo hicso. Apesar desta dominação, o fato dos hicsos absorverem a cultura egípcia iria permitir a retomada de um império centralizado na região, mas esta é uma próxima história...

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