Dom Pedro I é um novo monarca, de um novo país. Numa história muito diferente das nações vizinhas, o Brasil tornaria-se um Império, nome pelo qual seria chamado e reconhecido por muitos países durante o Séc. XIX. Esse novo país chamado Brasil, teria como grande prioridade a elaboração de uma constituição (que segundo d.Pedro I deveria ser digna dele). A assembleia constituinte estava sendo formada desde julho de 1822, quando o então príncipe regente havia concedido esta permissão aos Liberais liderados por Gonçalves Ledo - havia sido um mimo de d. Pedro a seus apoiadores?
A Constituição de 1824
- A Manutenção da escravidão. Aliás não há menção a escravidão, apenas a consideração no artigo 6º que seria cidadão brasileiro o liberto, o filho de estrangeiros livres nascidos no Brasil e os nascidos ingênuos, ou seja, nascidos livres.
- A Religião católica seria a oficial do país, neste caso, nascimentos, óbitos e casamentos, seriam registrados pela Igreja. Poderia haver cultos de outras religiões, mas somente no ambiente particular.
- O Voto seria Censitário, ou seja, só poderia votar o Homem livre com uma renda anual de 100 mil réis, e para ser candidato ele deveria ter no mínimo o dobro da renda. Para o Senado esta renda seria de 800 mil réis, e este cargo seria vitalício.
- O Poder seria dividido em Executivo, Legislativo e Judiciário, porém, o imperador teria um quarto poder chamado de Moderador, no qual ele poderia intervir na decisão de cada um dos três poderes anteriores.
A Confederação do Equador
A Dívida do Império
A Abdicação de dom Pedro I
- Crise econômica: Já falei acima que a dívida externa do Império se multiplicou, mas além disso, a esperada prosperidade econômica para as elites brasileiras não acontece, o que descontenta os principais grupos que apoiavam o imperador.
- Crise Política: A imposição da constituição e o uso constante do poder Moderador, mostrava o viés absolutista e autoritário de d.Pedro I. Tirando os portugueses que haviam permanecido no Brasil, os demais grupos políticos que apoiaram d.Pedro I na Independência estavam descontentes e decepcionados com o Imperador, inclusive José Bonifácio de Andrada, um dos articuladores da Independência havia sido retirado do cenário político pelo próprio imperador.
- Crise Sucessória: em 1826 d.João VI havia falecido e d.Pedro I era o herdeiro do trono português. Começava aí a disputa pelo trono com o seu irmão Miguel. Dom Pedro I articulava no Brasil a posse da sua filha Maria ao trono, e isso preocupava os brasileiros que viam essa política como uma ameaça a soberania e independência do Brasil.
- Crise de popularidade: a morte de dona Leopoldina em 1827 escancarava a forma como o imperador havia tratado a imperatriz tão amada pelos brasileiros. Havia diversos relatos dos maus-tratos de d.Pedro I a sua esposa, ela mesmo queixou-se disso a seus pais em carta enviada a Áustria. E o caso de d.Pedro I com Domitila (transformada em marquesa de Santos) assombrava não só a honra de Leopoldina como a conservadora sociedade brasileira. A morte de Leopoldina trouxe com certeza a imagem de péssimo marido e pai de família ao então imperador.
Como percebemos, motivos não faltaram para d.Pedro I abdicar, porém podemos perceber ações finais que foram a gota d'água para sua saída. O favorecimento de d.Pedro I ao nomear ministros e comandantes de Portugal não era bem aceita pelos brasileiros, que começavam a construir um forte sentimento de pertencimento a Nação (prova disso está num evento conhecido como a Noite das Garrafadas, quando portugueses apoiadores de d.Pedro I e brasileiros entraram em conflito). Numa articulação entre lideranças políticas e militares do Brasil, dom Pedro I toma um ultimato e escolhe abdicar tendo a certeza que seu filho então com 5 anos, assumiria o trono. Para d.Pedro I era uma saída honrosa, mas para os brasileiros também, pois o menino que ficaria com duas de suas irmãs, era nascido no Brasil e portanto para muitos, apenas com a saída de d.Pedro I que o Brasil seria independente.