A Escravidão Indígena
A escravidão indígena perde força ainda no século XVI, devido a diversos fatores, como a queda demográfica em razão das doenças europeias, como gripe, varíola e o sarampo (lembrando que a falta de contato com animais domésticos não trouxeram defesa imunológica aos nativos para diversas doenças). Inclusive essa queda demográfica é tão expressiva entre os anos de 1560-1565 que acaba impactando na agricultura, trazendo fome no Nordeste e afetando a campanha da Confederação dos Tamoios em sua guerra contra os portugueses no sudeste, impedindo a sua vitória. Outro fator é o interesse católico em catequizar os índios e aumentar o seu número de fiéis - uma das propostas da contrarreforma. Daí a chegada de franciscanos e jesuítas na colônia e seu combate a escravidão indígena. Por fim, é claro, nós temos a introdução da escravidão africana na Colônia Brasil.
A Escravidão africana
O Tráfico de escravos varia também durante o período de escravidão, observe no mapa, num primeiro momento a escravidão vai se concentrar na Costa do Marfim (em vermelho) - entre os séculos XVII e XVIII o tráfico vai se concentrar em Angola e na África central (em laranja) - e na etapa final há um prevalecimento de escravos da região oriental, principalmente de Moçambique (rosa).
Diferente da escravidão existente desde a Pré-história, onde a escravidão era decorrente de guerra ou dívida, esta escravidão colonial é praticamente uma política de Estado. Os povos africanos que mantinham contato com os europeus, mantinham conflitos intermitentes na busca por novos cativos, o que diminuía a densidade populacional do continente, enfraquecendo os próprios reinos existentes na região. Lembro que num primeiro momento os portugueses até tentaram penetrar no território para Captura de novos escravos, mas logo perceberam que a troca comercial com tribos locais seria muito mais vantajosa. Neste tempo, o reino do Congo foi um dos grandes aliados dos portugueses.
A travessia dos africanos para o Brasil era terrivelmente mortal. Estima-se que por volta de 15% dos africanos capturados morriam durante a travessia do Atlântico. A expectativa de vida para os sobreviventes não ultrapassava os 30 anos. Ao chegar no Brasil eles eram vendidos nos portos ou já eram levados aos senhores que já haviam feito a "encomenda". Os escravos executavam tarefas distintas para seus senhores, porém a lavoura era o destino da maioria dos homens, chamados escravos do eito. O Trabalho era exaustivo e mantido através da violência, apesar da maioria dos senhores não adotarem tanto este método, pois poderia estragar seu patrimônio (o escravo). Num primeiro momento as lavouras do Nordeste são o maior destino dos africanos, porém com a queda da produção do açúcar e o início do ciclo do ouro, esses escravos começariam a migrar para o Sudeste.
Além das inúmeras etnias africanas existentes entre os escravos, havia ainda outra divisão entre os cativos. Os africanos recém-chegados que desconheciam o português eram chamados de boçais, os africanos falantes da língua eram conhecidos como ladinos, enquanto os escravos nascidos no cativeiro eram chamados de crioulos. Quanto mais claro o tom da pele, mais próximo do senhor o escravo trabalhava, quase sempre era um crioulo. Essa divisão era mais um motivo de conflito entre os próprios escravos.
Havia família entre os cativos. Com o passar dos anos, muitos escravos conseguiriam constituir família, mesmo com o baixo número de mulheres oriundas da África. As diferenças culturais entre os africanos, a negativa dos senhores e o alto risco de separação familiar eram elementos que desfavoreciam essas uniões.Por´me mesmo com todas essas dificuldades, as famílias de escravos iriam se formando e com o tempo a cultura africana começava a se reconstruir e a se adaptar ao mundo colonial, criando uma cultura própria com base em seus mais variados lugares de origem. Esta cultura nós chamamos de cultura afro-brasileira.
A resistência dos cativos africanos era muito mais complicada do que a indígena. Os nativos conseguiam fugir e retornar as suas tribos, tinham conhecimento do terreno e apoio externo, já os africanos estavam num ambiente desconhecido, além de estarem próximos de possíveis inimigos do seu continente de origem. Apesar desses elementos complicarem uma resistência mais efetiva, os africanos formaram diversos movimentos de resistência. Em relação a sua rotina de trabalho, o escravo resistia através da sabotagem ou fugas nos campos em grandes grupos ou até mesmo revolta. A pena por agredir seu senhor poderia ser a morte. Outra forma de resistência era a cultural, mesmo com a imposição do catolicismo, os cativos muitas vezes realizavam seus rituais associando seus orixás a santos católicos, o que dificultava a perseguição a seus cultos religiosos.
Um dos grandes efeitos da escravidão era a depressão profunda, onde o escravo não tinha vontade nem de se alimentar, chegando a falecer em pouco tempo, numa condição que era conhecida como banzo. O suicídio era uma forma extrema de fuga da escravidão.
De todas as formas de resistência, a fuga era a mais comum. Muitos fugitivos formavam aldeias fortificadas com agricultura de subsistência e cerâmica, tal o qual eram na sua terra natal. Esses lugares ficaram conhecidos como Mocambos ou Quilombos, e não havia só negros, outros grupos poderiam fazer parte desta sociedade, como brancos perseguidos, indígenas, mestiços. Alguns Quilombos conseguiam reunir grupos para assaltar fazendas e liberar mais escravos. O Quilombo dos Palmares foi a mais conhecida dessas comunidades e chegou a atingir até 30 mil fugitivos. Emulando uma sociedade africana, o Quilombo dos Palmares resistiu por décadas a expedições portuguesas, porém em 1694 o quilombo foi destruído e Zumbi (líder do Quilombo) foi morto no ano seguinte, tendo sua cabeça decapitada e exposta em Recife.
muito bom!
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