A ÁFRICA E A CHEGADA DOS EUROPEUS

 


A África e a Chegada dos Europeus

 O Continente africano mostrou-se durante a Idade Média, com uma população etnicamente bastante diversa, dividido em religiões politeístas variadas, e monoteístas com a presença do cristianismo e islamismo. Grandes reinos existiram no continente, como o reino de Gana, de Mali e do Congo.


Essas características continuaram durante os séculos posteriores, porém, a partir do Séc. XV nós temos a expansão marítima europeia e os portugueses começam a percorrer a costa africana, nomeando ilhas e regiões, como as Ilhas do Cabo Verde, o Cabo Branco, o Cabo Bojador, Camarões e assim por diante. Nesta época existiam diversas nações no continente africano, na região do Egito os Mamelucos dominavam a região, enquanto no Norte surgia o reino do Marrocos, que anos mais tarde invadiria o Império Songai e tomaria controle sobre as rotas de comércio locais. No importante centro político e comercial da África Ocidental (nos rios Níger, Gâmbia e o Senegal) onde a concentração demográfica era bastante alta, estima-se que durante o seu auge, o reino de Mali tenha tido por volta de 50 milhões de habitantes. Esta é uma época que percebemos o reino Songai começava a se destacar. A capital deste império, chamada de Gao tinha entre 38-76 mil habitantes. A atividade comercial era muito importante na região, onde além da extração de metais e fabricação dos metais, a maioria dos povos da região se mostrava habilidosa na fabricação de tecidos, mesmo sem o domínio da Roca. Em Tombuctu, cidade do Império Mali e depois Songai, havia uma grande biblioteca e universidade, difundindo o conhecimento para a região.  Além destes reinos islamizados, nós temos cidades Iorubás importantes, como Benin (capital do reino de Benin) onde havia o comércio com povos do interior africano envolviam a venda de peixe seco e sal, por exemplo. Em troca, Benin recebia feijões, inhame, dendê, animais de corte, contas para produção de pulseiras e colares, tecidos e manilhas de cobre. Quando os europeus chegaram em Benin, ficaram impressionados com a grandeza das ruas e avenidas e com o prédio do palácio do Obá (soberano de Benin).


Claro que na imensidão do continente africano existia uma diversidade de povos e configurações sociais gigantescas. No sul do continente nós temos os povos Khoisan, cujo idioma mantinha traços pré-históricos, com estalos na língua. Já no oriente do continente, nós temos o Império da Etiópia, que prevalecia cristã, mesmo que numa vertente do Copta, igreja fundada na antiguidade, cuja sede era no Egito.

 Portugal e o reino do Congo

Durante o século XV o Reino do Congo era formado por uma aliança composta por diversos povos etnicamente próximos. O reino estendia-se ao sul da floresta equatorial do Congo. A capital do reino era M’banza-Congo, uma cidade grande, com mais de 50 mil habitantes. Apesar do poder parecer ser descentralizado, pois cada povoado tinha um líder local, o poder concentrava-se no soberano o Mani congo. Estima-se que a metade da população do Congo era escravizada, ou seja, por volta de 100 mil pessoas. A economia era baseada na agricultura, como feijão, sorgo, milhete, e na pecuária bovina, de porcos, ovelhas e galinhas. Eles tinham domínio sobre a tecnologia da cerâmica e dos metais, produzindo instrumentos de ferro.




Antes da chegada do português Diogo Cão em 1483, o reino de Portugal já havia começado sua saga na exploração da escravidão como mercadoria. Em 1444 haveria o primeiro leilão de escravizados em Portugal, no vilarejo de Lagos, aonde chegavam 235 pessoas capturadas. Eram em sua maioria populações Berberes capturadas a força por uma incursão portuguesa. Aliás, a resistência às ações de captura portuguesas vai forçar a uma mudança de postura dos europeus em relação a escravidão africana, eles passariam a negociar com os reinos locais, criando um imenso comércio de escravizados.

Voltando a Diogo, Cão. Ele chegara no reino do Congo em 1483, porém ao não conseguir reunir-se com o soberano, sequestrou três locais e prometeu trazê-los de volta. Em 1485 Diogo Cão retornaria com estes habitantes, trazendo-os falantes do português e com trajes europeus. Eles traziam a mensagem de d.João II, que buscava a paz com o soberano local, Nzinga-a-Nkuwa. Numa contraproposta, o Mani congo solicitava a educação de alguns súditos, além do envio de missionários católicos e profissionais como pedreiros e carpinteiros. Aceitos os pedidos, no retorno dos portugueses houve uma recepção calorosa, incluído nela o próprio Mani congo. Ciente de que a fé católica representava o poder que poderiam alcançar, o próprio Mani Congo pediu para ser batizado, e desta forma se convertia ao catolicismo junto com seus súditos, transformando-se em dom João, mesmo nome do soberano português. A partir do seu batismo em 1489, o Mani congo pediu para que os fetiches e imagens ligadas a tradição do seu povo fossem queimados.

Desta relação vai nascer o catolicismo na região, bastante peculiar, misturando os costumes locais ao cristianismo, apensar das mandingas, dos talismãs e da crença na vida após a morte terem similaridades a prática cristã. D.João I do Congo morre e em seu lugar assume seu filho, Mbemba Nzinga, batizado como d.Afonso I, ele era católico fervoroso, mantinha uma correspondência entre iguais com o rei d.Manuel, que orientava seu colega africano sobre tudo, até sobre a forma da assinatura nas cartas. Desta relação fortaleciam os laços do comercio de escravizados. O Reino do Congo fazia diversas expedições de captura as terras vizinhas, fornecendo pessoas escravizadas para Portugal. Em troca, recebia armas e equipamentos para manter seu controle as regiões vizinhas.


A diáspora africana aumentava com este comércio, e percebendo os números cada vez mais assustadores, o rei d.Afonso envia para o agora rei d.João III de Portugal, uma carta no qual ele manifestava seu desejo de comprar um navio em Portugal e controlar o mercado de escravizados com os portugueses, proibindo a chegada dos traficantes de escravos que vinham da Europa. A partir daí o Congo reforça seu desejo de impedir o tráfico de africanos para os europeus naquela quantidade, assim como o projeto de tornar o Congo uma nação de modelo europeu na África desmorona, os padres e missionários, por exemplo, eram muitas vezes traficantes e viviam em prol deste comércio. O distanciamento entre Portugal e o Congo aumentou com a morte de d.Afonso, a luta interna no Congo enfraqueceu o reino, com a separação do reino do Dongo deste em 1554. Destaca-se neste período os jagas, uma dinastia do interior de Angola que invadira o reino do Congo em 1568. O reino do Congo viveu anos de instabilidade política a partir de então.
Quem destruiu o reino do Congo foram governadores brasileiros, que haviam participado da luta contra a dominação holandesa no litoral brasileiro. Salvador de Sá, João Fernandes Vieira e André Vidal, eles eram traficantes de escravos e enxergaram no Congo um mercado promissor, pois por ser um reino cristão e independente (reconhecido por Roma) a exploração de escravizados não havia se potencializado na região. Os governadores brasileiros pressionavam a coroa portuguesa acusando o Congo de diversas maneiras, inclusive que o reino prejudicava e pressionava Angola, o principal mercado de escravizados dos portugueses. O Mani Congo d. Antônio Afonso declara guerra aos traficantes brasileiros que os venceram em 1665 na Batalha de Ambuíla, onde os congoleses foram massacrados sendo que o próprio rei d. Antônio teve sua cabeça decepada. Era o fim do reino do Congo, sua coroa voltaria para o Vaticano, porém ela foi roubada em Pernambuco. O Tráfico negreiro vencera, demonstrando a força da ideia de escravidão no Brasil.

 

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