Existiram (e ainda existem) diversos povos nativos da região onde hoje é o Brasil. Antes da chegada dos portugueses, havia predominância de povos cujo idioma tinham a mesma origem, tupi. Os povos tupis-guaranis são assim chamados pois tem em comum o idioma e alguns costumes, porém, alguns povos desta origem vão ser denominados pelos portugueses de forma errônea, as vezes pela palavra que era muito utilizadas por eles, ou por denominação de outros povos aliados aos portugueses. Na imagem abaixo, nós podemos perceber a variedade de povos de origem tupi que habitavam o litoral brasileiro.
As regiões demarcadas com a cor verde representam povos de origem Tupi-Guarani, já os povos em Vermelho representam outros povos indígenas de idioma e cultura não Tupi, poderiam ser Jê ou de outro tronco linguístico. Os povos tupis chamavam os de língua não Tupi de tapuias, mas este termo não pode ser utilizado por nós para denominarmos estes outros povos, pois suas origens são diversificadas o que impede qualquer generalização.
No início do texto, falamos de Cunhambebe, cuja tradução do nome eu sugeri que fosse relacionado ao seu peitoral, porém, existem outras traduções para o seu nome, como Mulher que Voa. Mas uma mulher poderia ser uma guerreira? Não, na cultura Tupi homens e mulheres tinham tarefas distintas, e o papel da mulher era o cuidado dos filhos, a produção agrícola e o cozer dos alimentos e bebidas, como o cauim por exemplo, a bebida alcoólica utilizada pelos diversos povos Tupis.
O Cauim é uma bebida produzida a base de alimentos como a mandioca e o milho, misturado por vezes a sucos, como o de caju. As mulheres mastigavam os alimentos pré-cozidos até formar uma pasta e cuspiam numa panela de barro. O processo de fermentação a base da saliva era similar a produção do saquê pelos japoneses. A bebida era muito utilizada durante as festas, servida morna, os homens deveria esvaziar o vasilhame de uma vez, enquanto as mulheres deveria bebericá-la. Ao contrário dos costumes europeus, os tupis não ingeriam alimentos enquanto bebiam e não bebiam quando se alimentavam.
No litoral Atlântico, os tupis viviam em Malocas (abrigos feitos de palha e talha de madeira, geralmente da Palmeira). Aliás, falando em Palmeira, um dos nomes dados aos Tupis a região na qual habitavam era de Pindorama (terra das palmeiras). Nestas Malocas viviam grupos entre 50 até 200 pessoas, o chefe da maloca era sempre um grande guerreiro, não é atoa que Maloca significa casa de guerra, embora houvesse paz no interior. Cada grupo destas malocas era protegido por paliçadas feita de troncos de palmeira rachada.
Os povos Tupis de maneira geral, eram povos voltados para a guerra. A pintura corporal muitas vezes expressava o preparo para o conflito. Pinturas em preto e vermelho feitas de Jenipapo e Urucum eram muitas vezes preparadas para o espírito guerreiro. As principais armas eram seus arcos, feitos de paus resistentes de onde lançavam flechas de ubá, também chamada de cana-brava ou cana do rio. Os Chefes indígenas, como Cunhambebe, podiam ter várias esposas, estes chefes deveriam ser grandes guerreiros, e isso era provado sobrevivendo a inúmeras batalhas e capturando muitos prisioneiros. A captura de inimigos não era para escravidão, em muitos casos era para comê-los! Ao acreditarem que poderiam absorver sua coragem e força, os tupis faziam rituais antropofágicos para comer seus inimigos. Os rituais não existiam com intenção de crueldade como foi apontado pelos europeus que presenciaram os mesmos, mas sim, como forma de reforçar a identidade do grupo e para aumentar o sentimento de união e força do povo. No dia-a-dia, não havia o costume de comer carne humana, os povos tupis viviam da caça de animais, da pesca e também da sua agricultura, cuja base era a mandioca. Só para reforçar, o plantio, cultivo e preparo dos alimentos e remédios, era tarefa exclusiva das mulheres, os homens apenas aplicavam a coivara, o preparo do campo através da queima do campo.