A REPÚBLICA DA ESPADA

 


O 15 de Novembro estava feito, um governo provisório é formado e a República no Brasil começa a ser construída. Num primeiro momento há uma criação da imagem republicano, o hino é mudado (mas era tão feio que não deu certo) a bandeira passa a ser a conhecida por nós, Tiradentes é elevado a herói, ruas e praças tem seus nomes mudados, tudo isto para garantir a imagem dos Estados Unidos do Brasil, nome dado a esta nova forma de governo. Entre 1889 e 1894, dois presidentes militares vão assumir o país, dando o apelido de República da Espada, devido ao sabre utilizado tradicionalmente pelos oficiais.

Um congresso republicano é formado e em 1890 uma nova Constituição é elaborada. Inspirada nos EUA, a constituição modifica o nome do país, mas também aumenta a autonomia dos Estados da Federação, assim como a república americana. Outras mudanças ocorrem, como o fim do poder moderador, o fim do catolicismo como religião oficial. Algumas são utópicas, como o Ensino Básico gratuito para a população, não se enganem, a segregação no campo da educação será severa. Mas a principal questão ficaria no Voto, a mudança tinha como previsão o voto apenas para os alfabetizados acima dos 21 anos (apenas homens, apesar de não haver esta especificidade na lei). Votariam menos pessoas do que no período imperial, cujo voto era censitário (por renda). Ah, o voto seria aberto, o que facilitaria uma nova modalidade na política brasileira - o Voto Cabresto.

O Governo Provisório de Deodoro da Fonseca dava lugar ao Governo Constitucional, onde o mesmo permanece como Presidente, tendo seu vice Floriano Peixoto. Um ministério formado por personagens importantes na Proclamação, como Quintino Bocaiúva, Benjamin Constant e o polímata Rui Barbosa começa a definir suas ações. No campo econômico, por exemplo, Rui Barbosa vai incentivar a emissão de papel moeda nos Estados, como forma de aumentar o crédito e consequentemente os investimentos em setores historicamente defasados, como a Indústria. O uso destes créditos na criação de fábricas fantasmas e no mercado de ações, faz a especulação crescer assim como a inflação. O termo encilhamento (ação de encilhar o cavalo antes das corridas) nasce do ditado de que "cavalo encilhado não passa duas vezes", ou seja, era uma oportunidade única. O resultado desta política é o aumento do custo de vida, a falência de bancos e a desvalorização da moeda brasileira.

No congresso nós temos uma maioria pertencente aos cafeicultores de São Paulo e Minas Gerais. Com a crise financeira se agravando, parte destes grupos começa a culpar o presidente Deodoro da Fonseca. Ao tentar calar os opositores ameaçando fechar o Congresso, Deodoro acaba enfrentando a resistência de outro braço militar do país, a Armada (marinha). Esta atitude da Armada brasileira fez com que Deodoro decidisse se afastar da política renunciando ao cargo da presidência em Novembro de 1891, menos de um ano após ser eleito por este mesmo Congresso.

Floriano Peixoto assume a presidência e não convoca novas eleições, o que era inconstitucional. Ao fazer isto, ele enfurecia parte do setor da Armada, que via nas ações do exército uma maneira de desequilíbrio entre as forças. Além disso, Floriano não era próximo das ideias liberais dos cafeicultores paulistas, sendo mais adepto a estabilidade do governo mais próximo de um nacionalismo. Durante seu governo, Floriano enfrentou uma segunda Revolta da Armada, que vai acabar fazendo parte de um conflito maior, que tem início no Rio Grande do Sul, quando Maragatos (federalistas com raízes no Império) vão enfrentar os Pica-paus (republicanos pró governo de Júlio de Castilhos). Os maragatos invadiriam até mesmo o Paraná, e fariam parceria com os revoltosos da Armada. Num destes episódios, Floriano consegue repelir os revoltosos da Ilha do Desterro, na qual ganharia o seu nome como "homenagem" - adivinhem qual capital é esta?



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