IDADE MODERNA - CONFLITOS RELIGIOSOS E A GUERRA DOS TRINTA ANOS

 



Os conflitos religiosos e a consolidação do Absolutismo

A relação entre protestantes e católicos na Europa estava longe de ser pacífica no início do séc. XVII. Se protestantes promoviam perseguições a hereges e pagãos, a Igreja Católica criava o Tribunal do Santo Ofício, também conhecido como Inquisição Moderna ou Santa Inquisição. Este tribunal investigava, perseguia, torturava e condenava a morte os suspeitos de heresia contra a Igreja. Estas execuções, chamadas de Autos de Fé, eram feitas em lugares públicos atraindo muitas pessoas. A fogueira era um instrumento bem famoso de execução. Nestes Tribunais, as pessoas mais visadas eram cristãos-novos (recém-convertidos) judeus e muçulmanos. E as heresias mais perseguidas estavam relacionadas a magia, alquimia, ocultismo e a astrologia, considerada pelos cristãos como atos de bruxaria e feitiçaria.

Um dos casos de hereges mais famosos é o de Menocchio, um moleiro italiano que criou através das suas leituras e crenças, uma cosmologia própria e uma crítica profunda as práticas da Igreja Católica. Estava dentro da sua linha de pensamento, a ideia de que o mundo havia surgido do caos e assim como o queijo que surge do leite e dos vermes, surgiram os anjos. Não é necessário dar um spoiler sobre o final desta história.

Na própria colônia inglesa da América um caso de histeria social relacionado a acusações de bruxaria vai levar a extensos julgamentos e execuções de suspeitos de bruxaria. As Bruxas de Salem foi um evento de caça às bruxas que levou 14 mulheres e 2 homens a execução em 1693.


A Reforma Protestante e a Contrarreforma trouxeram consequências políticas profundas na Europa, causando uma série de conflitos religiosos, sendo a principal delas a Guerra dos Trinta Anos.

Os Conflitos Religiosos

No Castelo de Praga, no reino da Boêmia (hoje Rep. Tcheca) protestantes reúnem-se com os conselheiros do novo rei, Fernando. Eles buscavam manter a liberdade religiosa que existia na região, porém, os conselheiros de Fernando eram católicos e não deram garantias de que isto iria continuar. Eles voaram pela janela, caíram numa poça de estrume, e acontecia aí um episódio chamado de Defenestração de Praga.

Este acontecimento resume uma série de disputas político religiosas que acontecia em diversos reinos envolvendo protestantes e católicos. A perseguição dos Habsburgo aos protestantes na Espanha, fez uma elite protestante declarar a República da Holanda, separando-se do Império Espanhol. A própria Espanha do rei Filipe II, incomodada com a Reforma de Elisabeth na Inglaterra, tentou invadir a mesma em 1588 quando a famosa e poderosa Armada espanhola acabou sendo derrotada por uma série de fatores, como a estratégia naval inglesa e também questões climáticas. Na França protestantes Huguenotes foram perseguidos e massacrados num episódio chamado de Dia de São Bartolomeu em 1572. Calvinistas eram queimados em fogueiras na França. Estes conflitos serão chamados de Guerras Religiosas na França e vão durar 36 anos. Apenas com o rei Henrique IV (ex-líder protestante) há a promulgação do Édito de Nantes mantendo o catolicismo como religião oficial mas levando (em algumas regiões) a liberdade religiosa para os Huguenotes. Muitos destes huguenotes continuariam a ser perseguidos, vendo-se obrigados a saírem da França.

A Guerra dos Trinta Anos

Marcado por um conjunto de reinos e principados, o Sacro Império Germânico teve o rei da Boêmia (Fernando) coroado como seu Imperador com a morte do antecessor Mathias. Descontentes com as perseguições aos protestantes realizadas por Fernando, os líderes protestantes tentam diminuir o poder de Fernando como imperador, tentando colocar Frederico V Elector Palatine como governante da Boêmia (seu antigo reino). Em 1620 têm início um conflito entre o exército da Boêmia (protestante) e as forças do Sacro Império Romano-Germânico. A derrota dos Boêmios devastou todo o reino e diversos líderes protestantes foram executados.

Outros reinos do Sacro-Império Romano Germânico entraram em conflito com o Imperador Fernando, mas em 1629 a maioria deles havia sido derrotada pelo exército do Império. Mas os protestantes mantinham o apoio de reinos poderosos como o da França e da Suécia, em 1631 o rei Gustavo da Suécia iria derrotar as forças do Império com ajuda financeira da França. A família Habsburgo governava o Sacro Império Romano-Germânico e também a poderosa Espanha. Os espanhóis apoiaram o Sacro Império Romano-Germânico, de forma a garantir uma rota comercial para o leste europeu. A França reforçou seu apoio aos protestantes temerosa de ser cercada pelos Habsburgos. Em 1643 os franceses venceriam os espanhóis em Rocroi e em 1645 os suecos venceriam o exército imperial. Apesar destas vitórias, os suecos e franceses não avançaram sobre as principais cidades do Império, suas forças militares também estavam exauridas. Apesar das batalhas serem conduzidas em larga escala, com exércitos profissionais – fazendo uso de cavalarias e artilharia pesada – as atrocidades eram cometidas após os conflitos, com os exércitos pilhando as terras produtivas em busca de comida e pegando qualquer coisa que lhe fossem úteis. A região da Alemanha perdeu 20% da sua população e teve seu comércio muito afetado pelo conflito. Exaustos, ambos os lados decidiram dar um fim ao conflito, reunindo-se em duas cidades alemãs (Osnabrück e Münster) chegando ao acordo de Paz de Vestfália.

 

 



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