IDADE MODERNA - AS REFORMAS RELIGIOSAS

 


A crise do séc. XIV havia afetado a população cristã da Europa. A fome, as guerras e a peste, aumentaram o número de mortes assim como a sensação de medo das pessoas. Este medo era muito relacionado a ira de Deus, portanto, as preocupações voltadas a questão religiosa e espiritual acabaram aumentando. 

A Igreja Católica era um caminho para conseguir o "perdão" divino, e uma das formas do fiel conseguir este perdão era através das indulgências e a realização de boas obras, ou seja, cumprir rigorosamente os mandamentos e sacramentos da Igreja. Porém, para muitos a Igreja estava distante, preocupada mais com a política do que com a salvação dos fiéis. Aumentava na Europa a procura por outras crenças, como o judaísmo, o islamismo e algumas crenças germânicas. Neste contexto também havia o movimento renascentista que se espalhava pelo continente, junto a ele havia a promoção de ideias humanistas e racionalistas, cuja propagação era facilitada devido a invenção da prensa, aumentando o número de livros impressos. O séc. XV também foi marcado pelas Grandes Navegações, o que abriu espaço para novas trocas comerciais e culturais.

Era outono de 1517, o monge e professor de Teologia na Universidade de Wittemberg, chamado Martinho Lutero, escreveu uma série de 95 teses contrárias a Igreja, fazendo estas circularem na Universidade. Além disso, relatos sugerem que Lutero pregou as suas teses (argumentos) na porta da Igreja do castelo de Wittemberg. O Papa Leão X vai acusar Lutero de heresia, e o mesmo vai acabar rompendo com a Igreja, começando a Reforma - o surgimento de igrejas cuja prática religiosa era focada na Bíblia, ao contrário da autoridade dos padres. 




Para Lutero, a salvação cristã dependeria da fé das pessoas em Deus e que somente a Bíblia podia revelar a vontade divina, em contraponto a ideia católica de que era Igreja que intermediava este processo. Até mesmo o sacerdócio foi transformado, para Lutero, todos os fiéis eram sacerdotes, quebrando a ideia católica que dividia os leigos dos sacerdotes. Podemos observar que a autoridade da Igreja, não existiria segundo o próprio Lutero. Para facilitar a propagação da fé cristã, permitindo a emancipação da doutrina cristão da Igreja Católica, Lutero vai promover a tradução do Novo Testamento em 1521 e da bíblia por completo para o alemão em 1534.

João Calvino foi importante nesta ideia de Reforma e de movimento protestante dentro do cristianismo. Ele era francês e ao se tornar um seguidor do Luteranismo, vai acabar sendo expulso da França, estabelecendo-se na cidade de Genebra em 1536. Calvino vai continuar o movimento de transformação da doutrina cristã, estabelecendo novas ideias, como a da crença na predestinação (no qual a salvação já estava determinada por Deus) e a supervalorização do trabalho. Ele vai acabar se tornando um líder em Genebra podendo promover algumas reformas na educação, tanto para jovens quanto para os adultos na Universidade.

Existiram outros pregadores, como Ulrich Zwingli (1484-1531) que rompera com o catolicismo em Zurique liderando a reforma protestante. O seu movimento acabou ficando conhecido como Zwinglianismo, mas ao entrar em conflito com os católicos, Zwingli vai acabar sendo derrotado e queimado na fogueira. Conrad Grebel formou um grupo divergente do de Zwingli, eram conhecidos como seguidores do novo batismo (anabatismo), pois só os adultos poderiam decidir a sua religiosidade. Apesar da forte perseguição, os anabatistas influenciaram outros grupos, como os batistas e os quakers.

Havia interesse de pessoas poderosas nessa mudança religiosa que estava em vigor. Na Inglaterra, por exemplo, o rei Henrique VIII afasta a Igreja Católica do seu reino ao ter negado seu pedido de divórcio. A Igreja Anglicana (criação de Henrique) mantém a mesma estrutura católica, porém, com sua filha Elisabete, algumas mudanças aprofundam as diferenças entre a Igreja Católica e a Anglicana. Outros soberanos aproveitaram-se deste movimento reformista, para combater as taxações e as cortes jurídicas da Igreja, que ameaçavam o poder de seus reinos. Ao buscar remover bispos e apoiar os reformadores, os principados alemães vão entrar numa série de conflitos durante o séc. XVI. Há um agravamento das disputas entre católicos e luteranos, levando até mesmo o imperador Carlos V do Sacro Império Romano a intervir em favor dos católicos. Os luteranos vão se unir contra o imperador obrigando o mesmo a permitir a autonomia dos principados na escolha da religião através do acordo de Augsburgo em 1555. A paz não será duradoura e os conflitos vão se estender pela Europa cristã.

Antes de Lutero já havia um movimento de Reforma dentro da Igreja, o humanismo promoveu reformas internas, como a retomada da educação e da filosofia, e a elaboração da bíblia com textos em hebraico, grego, latim e aramaico por Francisco Ximenes. Mas foi com o Papa Paulo III e a convocação do Concílio de Trento, nos quais bispos e cardeais reafirmaram as doutrinas católicas, desde a importância do sacerdócio e dos sacramentos até a legitimidade das indulgências. Mas existiram algumas reformas neste concílio, como a proibição de alguns abusos (como a ocupação de diversos cargos pelos padres) e a proibição de alguns livros para leitura. Além disso os papas seguintes vão procurar viver de forma mais austera, revisando suas finanças e escolhendo bispos alinhado a estas políticas.


A Igreja se reuniu periodicamente por 18 anos provocando a renovação e o ressurgimento do catolicismo internamente, num movimento conhecido por contrarreforma. A Ordem dos Jesuítas, fundada por Inácio de Loyola em 1534, é uma dessas medidas da Igreja contra o reformismo. A proposta dos Jesuítas era agir na catequização e consolidação do Catolicismo na América. Para combater o racionalismo do renascimento, a Igreja vai adotar o estilo Barroco nas suas obras cristãs. Este estilo tinha forte apelo emocional e favorecia o fortalecimento da espiritualidade. As Igrejas barrocas eram imponentes e ornamentadas, cheias de esculturas, pinturas tocantes e cenas bíblicas de forma marcante. Este estilo servia para contrapor as igrejas reformistas (simples e sem decoração). O Barroco foi fundamental para a permanência dos Católicos em regiões como a Itália e a Península Ibérica. A Europa passaria a conviver com diversos conflitos entre soberanos e protestantes e católicos.








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