A Sociedade brasileira era bastante distinta regionalmente e socialmente na Primeira República. Se grande parte dos trabalhadores estavam no meio rural (67%) núcleos urbanos do sudestes cresciam, como a capital Rio de Janeiro, a cidade de São Paulo e também Belo Horizonte. Outras regiões como a do sertão nordestino, sofria com mazelas provocadas pela seca. Aliás, a seca no nordeste era uma verdadeira tragédia. Estima-se que no final do séc. XIX, em um intervalo de 5 anos, por volta de 5% da população brasileira tenha morrido de fome, em grande parte causada nesta região atingida por grandes períodos de estiagem. O boom da Lei Áurea, não foi seguido de políticas públicas que aplacassem os desalentados libertos. No Brasil deste período, as discussões sobre cidadania eram substituídas por debates biológicos equivocados, que criavam uma subdivisão racial, colocando negros e mestiços num segundo escalão social, estigmatizados por teorias que lhes tornavam inferiores. Enquanto cresciam as periferias urbanas, marcadas pelas epidemias e pela fome, o governo debatia como solução políticas eugênicas e segregadoras, como o incentivo a imigração e a branquitude da população e também a criação de leis especiais para brancos e "raças" degeneradas como para negros e mestiços.
Em 1893 no sertão, um grupo liderado pelo pregador Antônio Conselheiro arrancava cartazes que informavam a cobrança de impostos pelo Governo da Bahia. Combatido pela polícia, Conselheiro e seu grupo acabam pegando as armas dos policiais e decidindo se estabelecer numa fazendo abandonada próxima a região, era o Arraial de Canudos. Os primeiros 230 seguidores logo vão aumentar para mais de 20 mil, e o Arraial (chamado de Belo Monte) vai se expandir, tornando-se uma sociedade alternativa a existente na região. Não era uma sociedade ideal, com equidade social e de acesso como fora pregado por alguns especialistas, a comunidade de Belo Monte apresentava sinais de hierarquia social, porém servia como alternância ao poder local dos coronéis. Ao pressionar o governo federal e estadual, estas elites latifundiárias, que viam no Arraial uma ameaça ao seu poder local, promoveram a ideia de que a comunidade de Belo Monte era uma defensora da Monarquia (Antônio Conselheiro pregava que a chegada do rei lendário Sebastião faria o Sertão virar Mar). A partir de 1896 diversas expedições militares serão enviadas para a região, e suas derrotas só aumentavam o vexame do governo. Desta forma em 1897 um grande expedição militar é enviada do Rio de Janeiro. Eram mais de 6 mil homens e a tática foi a de bombardeio, dizimando grande parte da resistência. O jornalista Euclides da Cunha viria de São Paulo acreditando numa ideia de libertação do exército em relação ao grupo de criminosos monarquistas. Ao observar o conflito e ter a noção da luta destes moradores e o massacre do exército a esta população, Euclides retorna e escreve um clássico da literatura denunciando a violência do conflito - nascia Os Sertões. Com Antônio Conselheiro morto e a população restante dispersa, os ex-combatentes voltam para casa exigindo moradia, fixando-se no morro da providência, próximo do seu quartel. Ao apelidar este morro com a Favela, planta existente em Canudos, nascia um termo utilizado até hoje no Brasil, a Favela.
Nas cidades as ações excludentes dos governos oligarcas continuava a todo vapor. Entre 1902 -1906 o presidente Rodrigues Alves promoveu uma série de reformas na capital, junto ao prefeito Pereira Bastos e sua política de bota-abaixo, ou seja, moradias populares eram desapropriadas e ruas eram abertas na capita. Além disso, havia um problema de saúde gravíssimo no Brasil devido as inúmeras epidemias presentes. Cólera, malária, sarampo, varíola, peste bubônica, febre amarela, entre outros. Oswald Cruz, médico sanitarista responsável pela saúde no governo de Rodrigues Alves, propôs uma política sanitária intensa, que previa a força policial para desapropriar moradias insalubres e impor a vacinação aos moradores de zonas mais pobres. Num cenário de exclusão social e desinformação, governo e população não conseguem compreender suas diferenças e com o medo e negação de aceitar a política de vacinação (por inúmeros motivos) confrontos vão acontecer no Rio de Janeiro entre 10 e 20 de novembro de 1904 - na chamada Revolta da Vacina. O governo responde matando 30 manifestantes e enviando outros 400 para o Acre.
Em 1910 uma eleição inusitada quebrava a hegemônica política do café com leite e colocava um militar gaúcho, Hermes da Fonseca, na presidência. Na posse do Marechal, em 15 de novembro de 1910, um marinheiro era condenado a uma pena de 250 chibatadas. Na Armada (marinha) os castigos físicos a negros e mestiços permaneciam, numa política que lembrava muito os castigos da escravidão. Os marinheiros de baixo escalão já estavam descontentes com esta política e eclodiram uma revolta tomando os principais navios da Armada entre 22 e 26 de novembro de 1910. Parte dos navios dominados eram os novos encouraçados, classe de navio de guerra poderosa e moderna, que tornava a Armada brasileira uma das mais poderosas do mundo. Ao apontar os canhões destes navios para a capital e exigir o fim da chibata, o presidente Hermes da Fonseca se vê pressionado e acaba anistiando os revoltosos extinguindo os castigos na Armada. Porém após a anistia, o governo se vinga e prende 20 lideranças do movimento na ilha das cobras, pressionados eles libertam os sobreviventes, apenas dois, entre eles estava João Cândido, um dos principais líderes do movimento.
A Brazil Railway Company do milionário americano Percival Farquhar era responsável por uma gigantesca obra que ligaria São Paulo ao sul do Brasil através de estradas férreas. Numa região de contestação entre Paraná e Santa Catarina, a desapropriação de terras, o abandono de trabalhadores do nordeste e a ausência do poder do Estado (devido as disputas entre Santa Cataria e Paraná) acabam favorecendo o aparecimento de um grande núcleo comunitário que acreditava na vinda de um salvador, era o chamado Império Celestial. Em 1912 o governo federal envia tropas para acabar com esta comunidade e o pregador José Maria é morto (ele acreditava na vinda de outro pregador, João Maria) a partir daí o conflito se estende até o ano de 1916 resultando no massacre e exclusão da população da região. O Conflito do Contestado é tão grande, que o Brasil teve receio em tomar partido na Primeira Guerra Mundial devido ao uso de grande contingente e esforço militar na região.
A indústria crescia no Brasil da década de 1910, principalmente na região sudeste com a implementação da indústria têxtil (patrocinada pelos cafeicultores). Com uma intensa massa imigrante trabalhando nestas indústrias, ideias importadas da Europa passam a fazer parte das exigências por melhores condições de trabalho nas fábricas. As ideias anarquistas e socialistas ganham força, pois no Brasil daquele tempo não existiam leis trabalhistas, impondo ao trabalhador baixos salários, trabalho infantil e longas jornadas sem direito a folga e férias. As greves passam a fazer parte do cotidiano e o governo não entendendo as manifestações inicia uma campanha de violência impondo o retorno ao trabalho. Após a morte de um estudante, uma grande Greve Geral é convocada em 1917 colocando mais de 50 mil trabalhadores de São Paulo e Rio de Janeiro nas ruas. O movimento não trouxe nenhum resultado imediato, a polícia combateu os manifestantes que foram obrigados a retornar para o trabalho. Apesar da aparente ineficácia da Greve Geral, anos mais tarde interesses de governo vão reconhecer sua força e buscar apoio nestes grupos.
Ah, não podemos esquecer da questão indígena. Neste tempo os povos indígenas ainda não tinham sido completamente exterminados no sudeste e a marcha da "civilização" para o oeste proporcionou ao governo a possibilidade de retirar terras de povos guaranis, xavantes e Kaingang. Se nações guaranis e xavantes foram cooptadas tendo sua cultura destruída, os kaigangs resistiram e lutaram contra o governo entre 1905 e 1911, na chamada muralha Kaingang - quando só não foram exterminados por causa da intervenção do Serviço de Proteção Indígena.