ROMA ANTIGA: A VIDA NO IMPÉRIO (RICOS E POBRES)


O Império Romano tinha durante o seu auge (séculos I e II) por volta de 50-60 milhões de habitantes, destes, talvez 300 mil pertencessem a uma classe mais privilegiada, com dinheiro suficiente para ter um padrão de vida elevado, até mesmo se comparado com nosso cotidiano. Ser rico no Império não era se isolar da pobreza, até mesmo em Roma. Não havia planejamento urbano, logo a casa de um rico poderia estar cercada de casebres ou apartamentos lotados de pobres. Mas o romano rico conseguia escapar de algumas mazelas da pobreza, como dos incêndios, das enchentes, das pragas (fugindo para suas casas de campo) e principalmente, da fome. É dessa classe que vem a grande maioria dos relatos e dos restos materiais do Império Romano, portanto, analisar a população mais humilde, acaba sendo uma tarefa mais árdua. Ah, não podemos esquecer das mulheres de Roma. As classes sociais modificavam um pouco o seu papel na sociedade, por exemplo, as aristocratas não tinham muito controle sobre seu casamento, já que muitas vezes elas eram utilizadas para forjar alianças entre famílias. Mesmo assim era nessa classe social que a mulher conseguia ter mais influência política, mesmo que tradicionalmente não fosse permitido as mulheres terem alguma participação oficial. Nas classes sociais mais baixas, mulheres e homens viam no casamento uma necessidade, já que para muitos, a parceria era uma forma de aumentar as suas chances de sobrevivência na sociedade. Apesar de toda a reclusão da mulher na política, as mulheres tinham muito destaque no sacerdócio e ao compararmos o papel da mulher romana ao de outras civilizações da antiguidade, como a dos gregos, elas tinham em Roma uma maior liberdade.

A maioria dos romanos era miserável ou tinha uma condição de vida instável, com a morte batendo na porta o tempo inteiro. Na capital, por exemplo, suas moradias eram precárias, mais suscetíveis aos incêndios ou as enchentes. Muitos moravam em apartamentos, onde quanto mais alto o andar, mais perigoso (fugir de um incêndio num andar mais alto era uma missão impossível muitas vezes). Esses apartamentos eram abarrotados de gente, e muitas vezes não tinham uma cozinha em condições de preparo de alguma refeição e em casa, a única forma de se alimentar muitas vezes seria comendo pão. Em razão disso percebe-se no Império a presença de inúmeros bares, onde refeições eram preparadas para os trabalhadores que na maioria das vezes não tinha condições de prepará-las em casa (o que alguns youtubers tentam relacionar com fast food). 

Enquanto um cidadão mais abastado podia ter privilégios (como ter um próprio banho em casa) ignorando as condições precárias das demais classes, tratando o trabalho como algo ofensivo e indigno, nós percebemos que alguns grupos de trabalhadores podiam ascender socialmente, tendo uma condição de vida mais confortável. Donos de padarias, de lavanderias, por exemplo, poderiam criar redes do seu negócio e a partir daí aumentar os seus lucros. Percebemos também algumas uniões de trabalhadores (não muito organizadas como na Idade Média) mas que em alguns momentos pressionavam o Império quando sentiam-se prejudicados. Como no Império a prática do comércio era mais intensa, regiões urbanas, como Roma, tinham forte índice de alfabetizados, pois a leitura e escrita eram fundamentais no seu cotidiano. Nas zonas rurais talvez não muito mais do que 20% da população fosse letrada.

O lazer era escasso em Roma, havia muito tempo destinado ao trabalho, nesse caso estou falando dos mais pobres. Mesmo assim podemos perceber em Roma um hábito bem comum, os jogos de dados e tabuleiro. Era comum aos romanos jogarem os inúmeros jogos de dados e de tabuleiros existentes (infelizmente esses jogos não permaneceram para sabermos suas regras) entre ricos e pobres era um hábito de lazer muito presente. Nos bares, os jogos de dados poderiam trazer a ruína e a glória (este último era muito mais raro) dificilmente podemos imaginar um jogo sem aposta de dinheiro, reflexo da vida mais comum, no qual a vida estava sempre uma aposta, visto que uma doença inesperada, um incêndio e uma enchente, poderia acabar com ela num instante. Entre os mais ricos, os jogos eram muito presentes também. Imperadores como Cláudio e o primeiro Augusto, praticavam jogos diariamente. Enquanto Augusto emprestava dinheiro aos seus parceiros de jogo, Cláudio adaptava a sua liteira para que pudesse jogar até mesmo em seus trajetos.

O Império não era muito presente na vida do cidadão mais comum, a justiça romana raramente era utilizada pelos mais pobres, que não tinham acesso e não viviam sob a proteção do Império. Roubos, assassinatos, incêndios criminosos, brigas, etc... eram resolvidos entre os envolvidos. O uso das leis do Império eram raros, então quando a vingança não era possível, os deuses eram invocados para fazerem justiça. Oráculos estavam espalhados pelo Império, fazendo previsões, rogando pragas, a religião como objeto de vingança e esperança baseada nos seus inúmeros deuses, sofreria uma intensa mudança nos séculos finais do Império.

A Chegada do Cristianismo

Os romanos foram por muito tempo politeístas. Desde a conquista de Veei lá no século IV a.C. os romanos adotavam como prática o incremento dos deuses estrangeiros assim como seus habitantes. É claro que se pensarmos na mitologia romana, você vai lembrar dos seus principais deuses, como Júpiter deus do Céu, Marte deus da guerra e Vênus a deusa do amor, muito inspirados nos deuses gregos. Mas Ísis deusa no Egito, também era admirada na capital do Império.
Havia também perseguição religiosa no Império. Desde a morte de Cristo, nascia uma outra corrente monoteísta, primeiro identificados como judeus radicais já que o termo cristianismo apareceu um tempo depois, como uma provável tentativa de depreciação da corrente religiosa. Os cristãos foram uma minoria no auge de Roma, no séc.II, por exemplo, havia no máximo 200 mil cristãos, num contexto de 60 milhões de habitantes. Diversos eventos de perseguição aos cristãos são descritos, como o evento em que Nero culpa os mesmos por um grande incêndio em Roma. Cristãos eram executados também nos eventos promovidos por Roma, como o de gladiadores. Mas foi graças a Roma que o cristianismo vai ganhar força ao utilizar a grande corrente de comunicação e transportes do Império, espalhando suas ideias por todos os cantos. Diferente da religião romana, o cristianismo favorecia o perdão, a igualdade e a esperança, fortalecendo a corrente religiosa conforme a crise no império se intensificava. O Cristianismo se fortaleceria e em 380 a.C. se tornaria a religião oficial do Império.

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