Núbia é o nome dado a região que os antigos egípcio chamavam e Wawat e Cuxe. Esta região iniciava na Primeira Catarata do Rio Nilo e iria até a união dos rios Nilo Azul e Branco. A paisagem da região é um pouco diferente daquela do Nilo Egípcio. As formações rochosas predominam e as áreas atingidas pelas enchentes são bem menores, dificultando uma grande produção agrícola. A região da Núbia era uma importante rota comercial do Egito com a região central do continente africano.
O Reino de Kerma (2600-1520 a.C.)
A cidade de Kerma era a principal cidade de um reino que surgirá na região de Cuxe (Alta Núbia) por volta de 2600 a.C. com o seu auge em 1800 a.c. quando já era o principal posto de embarque de produtos e bens dos territórios da África Oriental para o Egito. O governo e a cidade de Kerma eram muito parecidos culturalmente das cidades do Alto Egito. Kerma era uma importante cidade para a região, tanto que nela havia uma pequena comunidade de egípcios - embaixadores, funcionários portuários e artesão viviam fixamente na região (o que era ultra raro para um egípcios). Durante o Novo Império do Egito, o mesmo vai controlar grande parte do reino de Kerma, anexando a região como uma província administrativa.
Durante o período de dominação egípcia na região há uma forte influência cultural e política do Egito no Reino de Kerma. Com Ramsés II, por exemplo, nós temos a construção de templos, como o de Abu Simbel e com Tutmósis III foi construída a cidade de Napata, onde um grande templo de Amon foi construído,aliás, Amon foi por séculos o principal deus dos cuxitas.
Napata (1000 - 300 a.C.)
Após o fim do Novo Império do Egito, há uma fragmentação do reino e aos poucos os egípcios vão deixando a região. Por volta do ano 800 a.C. um grande reino vai se instalar em Napata com apoio dos sacerdotes de Amon. A partir daí nós temos o início de uma invasão dos cuxitas ao Alto Egito até que com Piye há um controle total do Egito. Este período de quase 200 anos sob o controle dos Cuxitas no Egito é chamado de Dinastia Cuxita. A partir do século VII a.C. os assírios vão invadir o Egito e há um retorno dos cuxitas para a região da Núbia. Mas eles levam consigo as crenças e práticas funerárias do Egito, assim como a escrita Hieroglífica.
O Período Meroíta
No século VI a.C. há um avanço egípcio sobre Napata o que obriga os cuxitas a transferirem sua capital para Méroe, um ponto estratégico nas rotas comerciais que ligavam o Mar Vermelho, a África Central e o Oriente Médio.
Esse afastamento da cultura egípcia diminui as informações sobre o período, já que a escrita meroíta (uma adaptação da egípcia) ainda não foi traduzida. Percebe-se que este afastamento trouxe mudanças culturais apenas ao observar as pirâmides de Méroe, por exemplo. Estas pirâmides possuem ângulo mais agudos e obeliscos de pedra num estilo próprio. Na religão os deuses meroítas substituem os deus egípcios. Sai Amon e entram novas divindades, como Sebiumeker (deus da criação) e Apedemak (protetor dos exércitos).
A partir do século II a.C. nós percebemos o fortalecimento de um regime matriarcal na região. As Candaces (raínhas-mães) ganham espaço a partir do reinado de Shanakdakhete. É provável que as candaces tinham obtido maior importância que seus maridos e filhos por um longo período.
No século IV depois de cristo nós percebemos o enfraquecimento das rotas comerciais em Méroe, o que provavelmente favorece sua dominação pelo Reino de Axum da Etiópia, pondo fim a cultura cuxita.
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Antiguidade Oriental