EGITO ANTIGO - O SURGIMENTO DO IMPÉRIO

Há 10 mil anos a paisagem do norte da África modificava-se. Um grande mudança climática resultado da transição de um sub-período geológico da terra - do Pleistoceno para o Holoceno (Falei bonito, mas é o fim da Era do Gelo) trazia uma aridez maior para a região. Assim, no meio de uma grande área desértica, despontava um grande oásis - este era o rio Nilo.

Desta forma, populações nômades começam a circular a região ao redor do rio Nilo sedentarizando-se nesta vasta região que compreende mais de 6 mil km. A partir desta sedentarização nós já conhecemos o processo (parecido com o que ocorreu na Mesopotâmia) ou seja, veio a agricultura e a formação de cidades, tudo isso por volta do quarto milênio antes de Cristo. Percebe-se a partir de então a formação de (reinos primitivos) para exemplificarmos melhor, e dos conflitos gerados a partir destes reinos nós temos a formação de dois grandes reinos, o Reino do Alto Egito e o do Baixo Egito.

Talvez inspirados pela escrita cuneiforme, o povo egípcio comece a desenvolver a sua própria escrita, desenvolvida de forma diferente da cuneiforme, tanto na forma como será utilizada (voltada primeiramente para as questões religiosas) quanto na própria arte da escrita (com mais símbolos fonéticos e maiores ilustrações) devido ao material no qual ela seria escrita (no papiro e em paredes). Esta escrita egípcia aparece de repente, por volta de 3200 a.C. e ficou conhecida como escrita Hieroglífica.


É através desta escrita que nós sabemos que a unificação do Baixo com o Alto Egito ocorre por volta de 3100 a.C, tudo isso retratado numa Paleta, que chamamos de Paleta de Narmer. Através desta paleta nós identificamos a existência dos reinos; do Alto e do Baixo Egito, percebemos que um rei do Alto Egito chamado Escorpião expulsa estrangeiros das suas terras, e que na sequência outro rei do Alto Egito chamado Nármer, invade o Baixo Egito e unifica os dois reinos, nascendo assim o Império Egípcio.

Alguns escritores gregos atribuem a Menés o nome do primeiro fundador do Império Egípcio, porém hoje os historiadores acreditam que Nármer e Menés são a mesma pessoa. O Importante é observarmos o surgimento da Primeira Dinastia do Egito com Nármer por volta de 3100 a.C. dando início a um processo de unificação cultural entre os dois reinos, tanto na questão religiosa quanto política. O sucessor de Nármer - Ahá - fundará a cidade de Mênfis no Baixo Egito e criará um ritual de transmissão do poder dos deuses para sua figura. Nascerá o título de Faraó e a unificação das coroas do Baixo e do Alto Egito. Esta unidade do Egito iria diminuir a violência entre os reinos primitivos e permitir um maior desenvolvimento da agricultura, que agora adotaria um sistema de produção asiático (como na Mesopotâmia) ou seja, o Império iria controlar e distribuir a produção agrícola que seria desenvolvida graças a irrigação do rio Nilo.


A Dádiva do Nilo

O Egito estendeu-se tradicionalmente ao redor do rio Nilo, desde a Primeira Catarata (ao sul) até o Delta, que deságua no Mar Mediterrâneo. Com a formação do Império, nós temos um maior controle da produção agrícola, com a organização daqueles antigos reinos em Nomos, governados por chefes locais chamados de Nomarcas. Eles seriam os responsáveis pela construção de canais de irrigação que permitiriam uma maior produção de alimentos. Os construtores de diques (como os Nomarcas eram muitas vezes chamados) seriam responsáveis pelos grandes projetos públicos para o trabalho com a água no Egito.

 
O Império Egípcio começou a fazer grandes obras (diques, canais, barragens...) para controlar as águas do rio Nilo. Escribas e sacerdotes compilaram calendários antigos que falavam sobre as três estações do Nilo conseguindo criar um calendário anual bastante eficiente.


 
 É a partir deste desenvolvimento civilizatório no rio Nilo que nós podemos observar uma maior organização/divisão social no Império Egípcio. A começar pelo governante, chamado de Faraó. Ele era considerado um deus vivo, ou seja, o grande sacerdote responsável por trazer as vontades dos deuses para os homens, o Faraó era um deus que poderia usar os poderes de todos os deuses. Neste início do Império Egípcio nós temos a família do faraó num segundo plano, pois eles muitas vezes tinham os maiores cargos militares e sacerdotais, e tinham uma grande influência de decisão nas questões do governo e também na sucessão do faraó. Abaixo da família do faraó nós temos os Sacerdotes e os Comandantes Militares. Os sacerdotes representavam os deuses na ausência do faraó e os militares eram responsáveis pela defesa e expansão dos domínios egípcios. Claro que não podemos esquecer dos Nomarcas, bastante influentes e poderosos neste período. De forma intermediária nós temos os Escribas, responsáveis pela escrita sagrada, pelos dados contábeis e por registros administrativos. Os comerciantes poderiam praticar seu comércio ao longo do rio Nilo (o rio era a grande estrada que unificava o Egito) além deles nós temos os artesãos (lembrando que o artesanato e a arte eram importantíssimos na valorização da religião egípcia). Estas três classes sociais eram as mais acessíveis para um pobre camponês conseguir uma certa ascensão social. E vamos falar da grande maioria, os felás (trabalhadores do campo). Os felás eram responsáveis pela agricultura no rio Nilo, trabalhavam para o Império, tinham uma vida bastante humilde, mas sua tarefa era tão importante para os egípcios que os mesmos evitavam recrutar os felás para a guerra, preferindo contratar mercenários. Ah, é claro que havia escravidão no Egito, mas assim como nas demais sociedades antigas, era uma minoria capturada em guerras ou através de dívidas.

Assista a aula:



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