Independência ou Morte!! Ahhh quem não ouviu a célebre frase inven... ops, dita por dom Pedro I às margens do riacho do Ipiranga. Um movimento famoso por ser popular (o que não foi) por ser pacífico (o que não foi), por ser imediato ao 7 de setembro (o que não foi) por ser... tá bom, eu parei!! Vamos ver direitinho o que aconteceu neste dia tão importante para nossa História.
26 de Abril de 1821, triste e chorando muito (segundo relatos) o rei dom João VI era obrigado a retornar para Portugal, após uma revolta liberal ocorrer por lá, e as cortes serem convocadas para construírem uma nova realidade para o Império, onde o poder do rei seria limitado. Nessa condição, o rei dom João VI é convocado a retornar, porém, seu filho mais velho, dom Pedro, é instruído a ficar no Brasil, lugar no qual ficaria como príncipe regente.
As cortes como conhecemos, era uma espécie de parlamento - no qual o rei deveria convocar em caso de extrema necessidade. Um hábito que não era usado em Portugal desde 1697, porém havia sido utilizado para a aclamação de dom João VI em 1818, no Rio de Janeiro. Estas cortes tinham representantes de todas as colônias portuguesas, além de Brasil e de Portugal, estas, unidas em pé de igualdade desde a criação do Reino Unido Brasil Portugal e Algarves. A grande maioria dos membros das Cortes provinham de Portugal, mas também havia uma grande quantidade de "brasilienses" termo que ganhava força no Brasil. O papel destas cortes era de limitar as ações do rei dom João VI e reorganizar o Reino, com medidas que melhorassem a condição dos portugueses, tão afetados desde a partida do seu rei em 1807. A discussão entre os membros das cortes começava e alguns grupos brasileiros tinham o temor de os portugueses (maioria de membros) recolocarem o Brasil à condição de Colônia de Portugal. Lembro que muitos membros das cortes do Pará e do Maranhão principalmente, apoiavam as ações portuguesas, mas isso acontecia porque essas regiões eram mais próximas a Portugal do que do Brasil, simm, as províncias do Pará e Maranhão, por muito tempo foram separadas da Colônia Brasil.
Independente disso, o que acontece são movimentos marcados por desencontros e desavenças entre portugueses e brasileiros, sendo que ambos disputavam maiores benefícios com este novo modelo de governo. Os portugueses buscavam (acreditavam os brasileiros) um maior lucro sobre o comércio que ocorria no Brasil, trazendo de volta a ideia do exclusivismo comercial e de tornar o Brasil colônia de Portugal novamente. Os grupos brasileiros passaram a buscar a independência, de diversas formas, seja através de uma república, como o grupo liderado por Gonçalves Ledo, ou através de uma Monarquia Constitucional, defendida pelo grupo liderado por José Bonifácio. Dom Pedro seria o grande instrumento para essa autonomia brasileira, e por isso, grupos desta elite econômica, rapidamente se aproximaram do príncipe herdeiro que havia ficado no Brasil.
As cortes logo perceberam o movimento que ocorria em torno de dom Pedro e exigiram seu retorno à Portugal. Daí vem o ato de dom Pedro que ocorre em 9 de Janeiro de 1822, o famoso dia do Fico, onde numa solenidade ocorrida no Paço imperial, primeira moradia da família real no Brasil em 1808. Dom Pedro disso mais ou menos isso [...] se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, digam ao povo que fico! [...] A ideia de dom Pedro era o que inclusive o seu pai, dom Joao VI havia dito. Melhor governar o Brasil do que ser uma marionete em Portugal.
A partir de então há uma série de desencontros entre ideias das cortes e dos grupos associados a Bonifácio e Gonçalvez Ledo. Medidas cada vez mais impositivas começam a ser dadas por ambos os lados e o processo de Independência começa a tomar corpo. Aliás, em Pernambuco os portugueses já haviam sido expulsos em outubro de 1821. Em Junho dom Pedro cede aos liberais e permite a formação de uma assembleia constituinte para o Brasil, o processo de Independência estava em andamento. Um exército já estava pronto aqui no Brasil, formado inclusive por portugueses leais ao príncipe. Dois personagens são importantíssimos nesse processo, a princesa dona Leopoldina e José Bonifácio, ambos articulavam internamente e aconselhavam dom Pedro nas suas ações.
No dia 7 de Setembro de 1822, dom Pedro e uma pequena comitiva saíam de Santos para retornar ao Rio de Janeiro. Eles haviam se reunido na casa dos Bonifácios, com líderes locais para assegurar a coesão no processo de Independência. Segundo relatos do Padre Belchior, eles partiram na manhã daquele dia, e dom Pedro sofrendo de diarreia atrasava a comitiva. Há uma parada em Cubatão pela manhã e logo eles seguem o caminho pela Serra, na atual Calçada do Lorena, onde o trajeto eram tão íngreme que o Burro era o único meio de transporte (claro que dava para ir a pé) e escutava-se conversas há horas de distância. O trajeto durava em média seis horas. No Rio de Janeiro dona Leopoldina havia assumido a regência no lugar do seu esposo, dom Pedro. E é ela quem recebe a ordem das cortes de Lisboa que não reconheceria José Bonifácio como Ministro dos assuntos Exteriores e dom Pedro como Regente do Brasil. Logo, ela e Bonifácio mandam cartas informando e aconselhando dom Pedro. Os mensageiros encontrariam a pequena comitiva de dom Pedro nas margens do riacho do Ipiranga, na época, próxima a cidade de São Paulo.