NAPOLEÃO BONAPARTE: DA ASCENSÃO À QUEDA! (1796 - 1815)



A ASCENSÃO DE NAPOLEÃO BONAPARTE: DA REVOLUÇÃO AO CONSULADO

Napoleão Bonaparte nasceu na ilha da Córsega em 1769. Na época, a Córsega passaria por um período de libertação dos reinos da Itália, buscando autonomia política e econômica. Porém, com a tomada da ilha pela França, essa experiência seria suprimida. Napoleão pertencia a uma família da pequena nobreza francesa, seu pai, Carlos Bonaparte, era advogado e junto com a sua esposa Letícia, tiveram além de Napoleão e seu irmão José, mais três meninos e três meninas. Aproveitando-se do seu status de nobreza, Carlos consegue enviar seus dois filhos mais velhos para o continente (França). José e Napoleão iriam estudar na França em escolas destinados aos nobres, nesta época (1779) Napoleão tinha 9 anos e por ter se destacado em matemática, história e esgrima, ele consegue indicação para continuar seus estudos na Escola Militar Real em Paris no ano de 1784. Nesta escola ele vai se tornar segundo tenente de artilharia – lembrando que apenas a alta nobreza poderia ascender ao generalato.

Com o início da Revolução Francesa em julho de 1789, Napoleão vai passar a defender as ideias jacobinas (bastante ambíguas no começo). Com a radicalização do movimento jacobino a partir de1792, Napoleão assiste aos massacres de setembro e a substituição da monarquia pela república. Apoiando os jacobinos, e percebendo que os impérios vizinhos invadiam a França, Napoleão destaca-se na defesa da nação e acaba conhecendo o irmão de Maximillian de Robespierre. É neste período jacobino – mais especificamente em 1793 – que Napoleão torna-se general. Com o evento do 9 do Termidor e a saída dos jacobinos do poder, os girondinos veem-se na necessidade de buscar apoio do exército para manterem o seu diretório. Percebendo a capacidade estratégica de Napoleão, Paul Barras envia o mesmo para a campanha contra os austríacos na Itália em 1796. 

Adotando ações como a motivação de seus soldados e o estudo prévio dos terrenos de batalha, Napoleão consegue progredir nos combates. Ele lidera diversas vitórias contra os austríacos na chamada Campanha da Itália entre os anos de 1796 e 1797 – entre essas vitórias mais importantes, nós temos a batalha de Árcole e a de Rívoli. Com estas vitórias, Napoleão torna-se muito popular na França, é a partir daí que ele passa a ter a ambição não só no campo militar, mas no campo político Napoleão passa a ter a vontade de gerir um Estado.




Aqui vamos voltar para a vida pessoal de Napoleão. Ela é centrada no mundo feminino, pois além da sua mãe Letícia – que influenciou Napoleão, principalmente quando falamos das suas características como a ambição e a disciplina – temos que falar dos seus “amores”. Além do caso amoroso com a nobre Émilie Louise Flachéron em 1795, Napoleão vai partir para a sua campanha do Egito casado com sua grande paixão, a Josephine de Beauharnais, então mais velha do que ele e com dois filhos. Esse relacionamento é famoso pela tensão existente entre ambos, com traições entre os dois, pela extravagância de Josephine e pelo abandono de Napoleão. Apesar dos conflitos, o casamento entre ambos vai durar 14 anos.

Voltando à questão militar, Napoleão busca consolidar sua posição de destaque no Diretório, solicitando uma campanha militar no Egito. A ideia de Napoleão era sufocar o comércio inglês que tinha como rota aquela região. Ao embarcar para o Egito, Napoleão parte não somente como expedição militar, mas também rodeado de cientistas que estudariam a fauna, a flora, a cultura e a história da região.  Lá nós temos a vitória militar de Napoleão sobre os mamelucos, na conhecida batalha das Pirâmides. Apesar desta vitória, as condições climáticas, o bloqueio naval inglês e as doenças, acabam sufocando militarmente Napoleão que em 1799 se via preso na região.

Enquanto isso na França, os girondinos se veem enfraquecidos e percebem que para manter o controle sobre o Estado, os militares deveriam assumir. É nesse contexto político que Napoleão “foge” do Egito deixando seus homens sob a liderança do general Kléber e chega na França, onde participa ativamente do Golpe do 18 de Brumário (9 de novembro de 1799). Eles ainda utilizavam o calendário republicano inserido em 1793, cujos meses e anos tinha outros nomes. Este seria o ano VIII, por exemplo.


O Golpe de Estado permite uma reorganização do poder, onde Napoleão lideraria uma República consular, com três cônsules, dois fantoches e Napoleão como Primeiro Cônsul. A partir daí, Napoleão vai empreender grandes reformas para reorganizar a sociedade e o território francês, desenvolvendo a economia Para seu auxílio, ele vai se cercar de ministro e especialistas. Por exemplo, os membros do Conselho de Estado (fundado em dezembro de 1799) iriam elaborar a redação das novas leis.

1. Criação de uma nova constituição que garantia a centralização do governo e limitava  o poder de voto.

2. Criação do Banco da França e da moeda nacional – o Franco. Eram medidas para beneficiar os comerciantes e os industriários que necessitavam de fontes para financiamento.

3. Reconciliação com a Igreja, promovendo cargos para bispos e cardeais em seu governo, sem deixar de utilizar a razão como ação do Estado.

4. Incentivo ao ensino. Criação de um sistema educacional que promovesse uma maior qualificação ao funcionalismo público. 

5. Construção de estradas, pontes, reforma de portos e construções de edifícios públicos como forma de alavancar o Estado Francês.

Espera!! E aquela história do sentido de as vias serem o lado esquerdo? Napoleão não fez isso, na verdade era costume na França as carroças andarem do lado direito (como no Reino Unido) e as pessoas do lado esquerdo. Foi com os jacobinos em 1794 que houve essa padronização (todo mundo no lado esquerdo). Napoleão ficou conhecido como o autor desta mudança, porque há a promulgação de um decreto afirmando esta ação durante o seu Império em 1804. Porém, a padronização dos números das casas, por exemplo, é uma ação promovida durante os governos do consulado e do império napoleônico. 

A ERA NAPOLEÔNICA (1800 - 1815)



Em 1800 a situação de Napoleão era tranquila, os austríacos haviam perdido o apoio russo (os russos buscavam uma ofensiva à Suíça) e a sua derrota em Marengo forçava um acordo com Napoleão, desvantajoso, é claro. Quanto à Inglaterra, uma paz temporária era assinada, porém, Napoleão se negava a sair da Holanda e com isso, iniciava-se um novo conflito entre os impérios em 1803.

Por falar em Império, a França detinha um império porém o seu governo era uma ditadura consular liderada por Napoleão. Em 1804 após um plebiscito, Napoleão é declarado imperador dos franceses. O próprio Papa Pio VIII viria à Paris e coroaria Napoleão – apesar do próprio ter se auto coroado, um evento que provavelmente foi combinado entre os dois. A Igreja retornaria à França, as leis administrativas permaneceriam, a novidade, seria a perseguição aos opositores do imperador, como prisões, exílios e a censura.

Os ingleses haviam imposto a Napoleão um bloqueio marítimo, que impedia a chegada dos produtos das colônias da América para a França. A ideia era pressionar a economia francesa e as suas colônias. De fato, Napoleão se viu forçado a vender o Lousiana para os EUA e acabara perdendo a colônia do Haiti na Revolução Haitiana, que terminaria vitoriosa em 1803. Nesse contexto, Napoleão decide enfrentar a marinha britânica e posteriormente invadir a Inglaterra através do canal da Mancha.  Para fazer esta ação, Napoleão convence seus aliados espanhóis, junta as esquadras e busca despistar a marinha britânica que estava bloqueando a frota do mediterrâneo através do estreito de Gibraltar. Apesar de várias manobras de despiste, o almirante britânico Nelson não cede a passagem. Ao tentar concentrar sua frota em Cádiz, Napoleão abre brecha para uma ação de Nelson e em 1805 no estreito de Trafalgar, espanhóis e franceses são derrotados pelos britânicos. Não havia um Napoleão nos mares e o sonho francês de invasão terminaria.

Em terra, uma nova coalizão era formada e desta vez a Rússia e Áustria uniriam suas forças para enfrentar Napoleão. A Grande Armeé da França partiu para a Áustria, venceu os austríacos e Ulm forçando os mesmos a abandorem Viena e se concentrarem na defesa do norte. Na chegada em Austerlitz, Napoleão previu facilmente as ações de russos e austríacos, que era de tomar o flanco direito de Napoleão e cortar sua comunicação com Viena (capital austríaca). A vitória de Napoleão em Austerlitz foi a sua maior vitória militar. Destruídos, os austríacos pediram a paz e os russos retornaram.

A Prússia não havia entrado para a Coalizão de austríacos e russos em 1805, porém a vitória de Napoleão contra os austríacos em Austerlitz e a poderosa influência sobre os reinos germânicos a oeste do Reno assustaram os prussianos. Em 1806 a Prússia invade a Saxônia e rapidamente a Grande Armeé partiu da Baviera para Berlim. Em conjunto com os russos, os prussianos esboçaram resistência, porém em 1807 Blucher era o único a resistir, quando derrotado, o rei da Prússia ficaria sem exército. Os russos porém, marchavam para Varsóvia, na Polônia, e surpreenderam os franceses em Eylau, numa batalha marcada pelas baixas temperaturas. Durante a primavera, os russos tentaram a sorte em Friedland, porém, Napoleão estava mais cauteloso e conseguiu dizimar o exército russo. O Tsar Alexandre perderia a vontade de lutar e os russos pediriam um acordo de paz através do tratado de Tilsit.


Fortalecido, Napoleão impõe aos ingleses o bloqueio Continental, proibindo as nações sob a sua influência de comercializarem com os ingleses. Portugal contraria e logo é invadido, em novembro de 1807. Os britânicos vão apoiar diretamente a península Ibérica e aborrecido com as ações do rei espanhol, Napoleão invade o reino da Espanha e coloca o seu irmão José no trono em 1808. Aliás, Napoleão nomeia seus irmãos e irmãs soberanos em diversos reinos da Europa. O próprio José já tinha sido nomeado rei de Nápoles, suas irmãs detinham reinos italianos, como Elisa que ficara com Lucca. Luís havia ficado com a República Batava e Jerônimo com o reino de Vestfália.

José vai enfrentar a fúria dos espanhóis, inclusive com sublevações nos Vice-Reinos espanhóis na América. Da mesma forma, em 1809 os austríacos, movidos por um forte nacionalismo, entram em conflito com Napoleão, se não fosse a presença tática de Napoleão em Wagram, os austríacos teriam vencido. Porém, essa vitória em Wagram aterrorizou os adversários de Napoleão, facilitando sua política de bloqueio continental. Após este episódio, Napoleão vai criar o ducado de Varsóvia, a Polônia retornaria a ter um Estado.

Este episódio ocorre devido a vida amorosa de Napoleão. Ele era conhecido por ter tido diversas amantes, e na época tinha um bom relacionamento com a imperatriz Josefine. Porém, a elite polonesa percebeu que Napoleão havia se apaixonado pela nobre Maria Waleska e utilizaram a influência dela para conquistarem um território independente. Maria Waleska terá um filho com Napoleão, porém, ele não poderia ser considerado legítimo, pois era fora do casamento. Esse evento faz Napoleão perceber a necessidade de um herdeiro e Josefine não poderia mais ter filhos. Em 1810 Napoleão pede o divórcio e casa-se com a filha do rei da Áustria, Maria Luísa, desta relação nasceria o herdeiro François Charles Joseph Bonaparte ou Napoleão II.

Voltando à guerra, em 1812 o Tsar ou Czar russo Alexandre deixa de obedecer ao bloqueio continental o que força Napoleão a buscar o conflito novamente. Em julho daquele mesmo ano, Napoleão reúne uma força de quase 600 mil homens e parte para a Rússia. Percebendo que não venceria um conflito direto (os russos reuniram 200mil homens), a Rússia adota a tática de terra arrasada, recuando e destruindo silos, depósitos e locais que Napoleão pudesse usar como logística à Grande Armeé. Há 112 km de Moscou, os russos pressionados pelos nobres, decidiram defender-se em Borondino. Apesar de derrotados, eles infringiram baixas pesadas as forças de Napoleão e conseguiram se manter ativos. Fugidos de Moscou, os russos deixaram uma cidade vazia para o imenso exército Napoleônico, que invadira a cidade em Novembro daquele ano. Ao perceber a chegada do inverno e a falta de mantimentos para o seu grande exército, Napoleão decide retornar e voltar em 1813 para invadir São Petesburgo. O retorno é uma tragédia humana, ao chegar em Paris em 1813, Napoleão não tinha mais exército. Essa ação abriu brecha para que uma outra coalizão se formasse e Paris fosse invadida. Apesar da resistência, Napoleão foi derrotado e enviado à Elba em 1814. O reino da França foi restaurado através do rei Luís XVIII.

Napoleão governava uma pequena ilha em Elba quando soube que Josefine havia falecido. Mesmo entristecido, ele decide retornar para a França fugindo da ilha e reinstaurando o Império na França, mesmo com menos poderes políticos. Ao perceberem o seu retorno, rapidamente uma nova Coalizão liderada pelos britânicos é formada e uma força expedicionária é enviada para a Bélgica, apenas os prussianos conseguiriam enviar uma grande força à tempo. Desta forma, Napoleão consegue em 100 dias reestabelecer seu governo e uma nova força militar com cerca de 150 mil homens. Generais envelhecidos e soldados inexperientes impediram uma ação exitosa de Napoleão em Waterloo, onde Wellington (duque inglês) resistiu fortemente aos avanços dos franceses. A chegada dos prussianos de Blucher vai forçar a retirada de Napoleão, ele havia sido derrotado definitivamente.

Napoleão seria enviado para uma inóspita ilha no meio do Atlântico – a Ilha de Santa Helena – onde morreria de câncer no estômago em 1821. Após a vitória definitiva, os aliados fizeram o Tratado de Viena, consolidando seus domínios e retornando o domínio francês aos territórios de 1792. Os Bourbons retornariam a governar a monarquia francesa novamente. O princípio da legitimidade determinava as dinastias reinantes antes de 1789 deveriam ter de volta os seus territórios perdidos. Os reinos da Grã-Bretanha, Prússia, Rússia e Áustria foram os mais favorecidos na manutenção dos seus territórios na Europa e nas suas possessões no estrangeiro. A Grã-Bretanha se estabeleceu como potência dominante ao ser beneficiada com o estabelecimento da livre navegação nos rios e oceanos. No mesmo ano, há o pacto da Santa Aliança, um tratado entre Prússia, Rússia e Áustria para garantia militar do tratado de Viena.



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