A ERA DO POPULISMO: O GOVERNO VARGAS (1951-1954)

 


Em 1950 o Brasil chegava a final da Copa, mas ocorreria o Maracanazo, com a derrota para o Uruguai. A UDN lançava novamente Eduardo Gomes, e o PSD Cristiano Matos, desta vez não haveria aliança com o PTB, pois Vargas havia decidido retornar para o poder – ele concorreria à presidência.

Mais uma vez Eduardo Gomes (UDN) comete suicídio político, ao defender o fim do Salário-Mínimo. Desta vez Getúlio Vargas é eleito com quase 49% dos votos, contra 29,7 % do brigadeiro. O líder da UDN e ex-comunista Carlos Lacerda promove uma acirrada oposição ao projeto de nacionalismo industrial proposto por Vargas. O seu jornal, a Tribuna de Imprensa, promovia a crítica diária ao governo de Vargas. Um novo elemento presente neste cenário foi a descoberta do petróleo e a decisão de tornar sua extração totalmente estatal. Com amplo apoio do congresso e da população (veio da UNE a frase – O Petróleo é Nosso!), Vargas cria a Petrobrás, destinada a extração do petróleo no Brasil, o que ia de encontro aos liberais que apoiavam a entrada de capital estrangeiro e sua participação no mercado do petróleo brasileiro. Dentro deste projeto de nacionalização da Indústria, constava a criação da Eletrobrás, responsável pelo aumento da matriz energética do Brasil, porém ela só se consolidaria em 1962. Mesmo assim, a matriz energética vai aumentar mais de 25% durante o período. A Indústria Nacional de Motores se consolida neste período, graças a diversas parcerias internacionais, promovendo a capacidade brasileira de produção veicular pesada. Em resumo, o projeto de Vargas era buscar a industrialização do Brasil a partir da ação do governo, para isso, foi criado em seu primeiro ano de governo o BNDE (Banco Nacional do Desenvolvimento).


Por outro lado, havia uma ideia liberal de que a industrialização do Brasil deveria partir do próprio Mercado, ou seja, sem uso do dinheiro público. A própria capacidade econômica do país atrairia investidores do mundo inteiro, promovendo nosso crescimento. Essa ideia era defendida pela UDN, um partido opositor de Vargas e com um forte apoio do exército e da aeronáutica (Eduardo Gomes fora o candidato a presidência pela UDN e ele era brigadeiro).

O aumento da inflação e a falta de apoio político motivou grandes greves no período. Para contornar isso, Vargas nomeia João Goulart como ministro do trabalho e este anuncia um grande aumento do salário-mínimo, revoltando oficiais do exército, pois estes ganhariam menos do que trabalhadores da indústria. Vargas afasta João Goulart para evitar um golpe militar, mas concede um aumento do salário-mínimo.

Durante esse período Vargas é duramente criticado pela imprensa do centro do país, jornais como o Globo, Estadão e a Tribuna de Imprensa (do líder da UDN Carlos Prestes) açoitam Vargas diariamente. Como resposta Vargas incentiva a criação do jornal Última Hora, porém é acusado de usar o favorecimento político na criação do jornal. Em agosto de 1954 as diversas acusações de corrupção no governo, aliado ao crescente descontentamento dos trabalhadores com a inflação, pressionavam fortemente o Governo. Carlos Lacerda – líder da UDN e dono do jornal a Tribuna do Povo – é uma das grandes vozes contra o governo.

Revoltado com a situação e pressão que Vargas sofria, o chefe da sua Guarda pessoal, Gregório Fortunato, planeja o assassinato de Carlos Lacerda, porém apenas o seu segurança pessoal e major da aeronáutica é morto, esse episódio ficou conhecido como o atentado da rua Tonelero. Ferido no pé, Lacerda pressionava a investigação. Ao assumir esta, a Aeronáutica descobriu a relação de Gregório com o atentado e vários casos de corrupção no governo de Vargas, incluindo ações do se filho, Manuel. Em 23 de agosto de 1954 a cúpula do governo de Vargas sugere seu afastamento. Às 8:40 da manhã do dia 24 de agosto de 1954, Getúlio é encontrado em seu quarto agonizando, havia disparado contra o seu peito. Junto a ele, havia uma carta testamento. “Escolho este meio de estar sempre convosco [...] Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história”. Quando a notícia chega ao povo, uma multidão enfurecida ataca os jornais (o único que passou a salvo foi o Última Hora). Carlos Lacerda teve que ser isolado num navio da marinha, a embaixada americana foi atacada assim como a base da aeronáutica no Rio. Cartazes da UDN eram arrancados e qualquer tentativa de golpe militar havia sido extinta pelo povo. Getúlio Vargas vencera usando a sua vida, e realmente ficaria para a História. Os golpistas demorariam dez anos para tomarem o poder, coincidentemente, Carlos Lacerda, favorito às eleições presidenciais de 1964, nunca teria a chance de se candidatar.



 

Cortejo fúnebre de Vargas rumo ao aeroporto

 


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