A ERA DO POPULISMO: O GOVERNO DE EURICO GASPAR DUTRA

 

A Segunda Guerra Mundial acabara, e Getúlio Vargas viria a vitória da Democracia como um problema para o seu governo ditatorial. A democracia dos EUA sagrava-se a grande vencedora (no ocidente) pressionando uma mudança radical na política brasileira. Se a elite política e grande parte da nação via em Vargas um vilão da democracia, um movimento de trabalhadores urbanos enxergava na saída iminente de Vargas, um grande perigo a suas conquistas trabalhistas. Nascia um movimento chamado de Queremismo, ou seja, diversos grupos ligados aos trabalhadores queriam Vargas, mesmo num regime democrático. Ao buscar fortalecer a sua imagem frente ao queremismo, Vargas acabou acelerando a sua saída do poder e, em 29 de outubro de 1945, uma junta militar o afastaria da presidência. Meses anteriores, Vargas já havia anunciado a chegada da democracia no Brasil e seu afastamento da política. Um sistema partidário havia sido criado, e 20 partidos compunham essa nova realidade, como o PTB (Partido Trabalhista do Brasil) criado por Vargas cuja meta era propor políticas trabalhistas, mas era um partido elitista, formado por membros políticos e funcionários originados da Era Vargas. Outro partido varguista, o PSD (Partido Social Democrático) era o Partido mais poderoso, pois representava a elite política que participara de todo o Governo Vargas, não era nem de esquerda, nem de direita. Como diria Tancredo Neves – Não adotamos a Bíblia nem o Capital, preferimos o Diário Oficial! Por outro lado, movido pelo sentimento anti-varguismo, de ideia democrática, pelo conservadorismo e ideia liberal na economia, uma grande coalizão chamada UDN (União Democrática Nacional) seria formada, e o seu candidato o Brigadeiro Eduardo Gomes (um dos sobreviventes dos 18 do Forte) seria o favorito para as eleições. No campo da esquerda, o PCB (Partido Comunista do Brasil) liderado por Luís Carlos Prestes, tinha forte apoio da Internacional e por incrível que pareça, detinha 10% do eleitorado. Para combater a UDN, o PTB e o PSD acabam se unindo para lançar a candidatura do general Eurico Gaspar Dutra. Com as eleições previstas para 2 de dezembro, uma intensa campanha começava, e ambos os candidatos eram horríveis em cooptar as massas trabalhadoras.

Certo da vitória, Eduardo Gomes, num discurso proferido para a elite carioca, acaba desdenhando dos getulistas, afirmando que não precisava daquela “malta de desocupados que andam por aí”, neste caso, dos trabalhadores. Dutra utiliza essa frase em sua campanha política, afirmando que Eduardo Gomes dispensava o voto dos marmiteiros (trabalhadores). Nos últimos comícios, criou-se o hábito de bater panelas e marmitas, um gesto contrário a posição de Eduardo Gomes contra os trabalhadores. Junto a isso, Dutra consegue o apoio do Vargas, mesmo este estando chateado com a traição de Dutra ao afastá-lo do poder, e este gesto faria com que Dutra conseguisse a vitória na eleição com 52,39% dos votos contra 34,74% de Eduardo Gomes.



O Governo de Eurico Gaspar Dutra

O novo presidente governaria a partir de uma nova constituição. Em 1946 a constituição democrática traria algumas modernidades, como a liberdade de imprensa, o voto secreto e universal para os alfabetizados.  A constituição fortalecia a independência dos sindicatos e consolidou o funcionamento dos partidos políticos. Uma questão que se mantinha era a proibição do voto aos analfabetos, grande parte da população brasileira da época.

O mundo estava diferente, EUA e URSS disputavam o poder no mundo, na chamada Guerra Fria. Desta forma, era importante para os EUA manterem sua influência e poder na América. A influência americana era enorme na política, e Dutra sabendo disso, acaba retirando o PCB da jogada, os comunistas representavam quase 10% do eleitorado brasileiro e tinham contato direto com Moscou. Desde as graves no início de 1946 e a repressão aos trabalhadores e sindicatos, o PCB tornava-se combativo, e o líder do partido – Luís Carlos Prestes – falou demais e deu o pretexto para Dutra proibir a atividade do partido no Brasil.


No campo da economia, o governo Dutra foi uma tragédia. Ao abrir o país para o capital estrangeiro, o governo destruiu as reservas cambiais do país – acumuladas durante a guerra – não desenvolveu a indústria nacional, e permitiu a entrada de diversos produtos supérfluos como plásticos, ioiôs etc. Uma das estratégias para atrair este capital estrangeiro foi a construção do Maracanã e a ideia de sediar a primeira Copa do Mundo no pós-guerra. Com a ideia liberal fracassando, Dutra fez um plano econômico emergencial em 1948, chamado de Plano Salte (Saúde Alimentação, Transporte e Energia). A sua ideia era financiar estas áreas essenciais da economia, porém, em grande parte, pouco foi feito.

Em 1950 o Brasil chegava a final da Copa, mas ocorreria o Maracanazo, com a derrota para o Uruguai. A UDN lançava novamente Eduardo Gomes, e o PSD Cristiano Matos, desta vez não haveria aliança com o PTB, pois Vargas havia decidido retornar para o poder – ele concorreria à presidência. 



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