ROMA ANTIGA: DA REPÚBLICA AO IMPÉRIO

 


Cícero escreveu relatos importantíssimos sobre o período da História romana que começa com o restabelecimento do Senado no poder após Sula, onde ele próprio destaca-se como cônsul em 70 a.C. evitando um golpe de Catilina (um senador falido que juntou-se a outros patrícios com dificuldades financeiras para tomar o Senado). Aliás, desde as reformas do general Mário em 108 a.C. o uso das legiões passara a ser fundamental na política, o próprio Sula (um dos generais de Mário) usou suas legiões para invadir Roma em 88 a.C.
Cícero vangloriou-se a vida inteira do seu ano no consulado, mas na verdade, uma das suas melhores medidas, foi ceder a Pompeu, então comandante das legiões romanas no oriente, poderes e verbas para enfrentarem Mitridates, um rei do Ponto (gregos da Anatólia e Ásia Menor) que há anos conseguia repelir os romanos da região. Pompeu consegue derrotar Mitridates e conquista importantes regiões do oriente. Naquela região, Pompeu seria tratado como Alexandre o Grande, ganhando moedas com seu rosto, mês com seu nome no calendário, e um título digno de um imperador - Pompeu Magno (o Grande). Apesar deste tratamento no oriente, Pompeu retorna para Roma em 61 a.C. e recebe seu Triunfo, podendo desfilar sendo homenageado por suas conquistas.
Apesar do prestígio das suas conquistas (até mesmo com a construção de uma estátua no senado) Pompeu acaba se frustrando com a demora do senado em ratificar suas terras conquistadas no Oriente o que tornava lento e dificultoso o assentamento dos ex-soldados que haviam lutado consigo. Por outro lado havia um jovem político em ascensão que esperava ser eleito para um consulado em 59 a.C. conseguindo legiões suficientes para iniciar uma campanha militar, este era Júlio César. Existia ainda um outro personagem nesta história, seu nome era Crasso, ele havia derrotado Espártaco em 73 a.C. e havia prosperado no comércio, tornando-se o homem mais rico de Roma. Juntos, os três (Júlio César, Pompeu e Crasso) fizeram uma aliança informal e dividiram o consulado romano entre ambos, sendo conhecido até hoje de Primeiro Triunvirato. Em 59 a.C. Júlio César é eleito cônsul, ele consegue algumas legiões para iniciar sua campanha na Gália, toma algumas medidas inspiradas nos irmãos Crasso e segue o acordo, tomando as medidas necessárias para privilegiar Pompeu e Crasso. Este último, vai iniciar uma campanha no Oriente, para poder derrotar o Império Parto. A campanha vai ser uma tragédia, Crasso e quase 70 mil homens são aniquilados pela cavalaria Parta, restava em 53 a.C. na batalha de Carras. A cabeça de Crasso seria enviada para o rei local, assim como os estandartes romanos, que somente em 19 d.C. seriam devolvidos. Pompeu havia permanecido em Roma e junto ao Senado promovera uma série de construções na capital, construindo grande parte daquela identidade da cidade romana que percebemos até hoje. Já Júlio César, ah este aí iniciou uma ampla campanha contra os gauleses em 58 a.C. lembro que este povo era temido pelos romanos desde a invasão de Roma em 390 a.C. e sua conquista seria um grande feito para qualquer comandante romano. Júlio César enfrenta talvez o maior líder da história da Gália, Vercingetórix , e o captura. O mesmo seria executado em Roma anos mais tarde após um triunfo dedicado a Júlio César. Podemos destacar a vitória contra as tribos germânicas além do rio Reno, quando César ordena a construção de uma ponte, atravessa o rio e derrota facilmente as tribos locais que invadiam constantemente as terras romanas. Sua frase célebre - Vi, vim e venci! Vem desta batalha. Outro feito de César foi atravessar o "Oceano" nome dado ao canal da Mancha - o mar entre França e a Grã Bretanha. Sua travessia foi um marco exploratório de Roma. César, que aos 27 anos havia chorado ao não ter conquistado nada numa idade em que Alexandre o Grande havia dominado o mundo, em 50 a.C. detinha conquistas territoriais que superavam as de Pompeu, seu aliado político.
Era o momento de Júlio César retornar a Roma, ele estava há dez anos em campanha, porém o Senado não definia se manteria o poder de César, o mesmo também estava indeciso, seria ele um Sula - que invadiu Roma com suas legiões - ou um Pompeu, que havia retornado pacificamente? Em 49 a.C. prevendo que o Senado não lhe concederia o poder, e pondo um fim na aliança com Pompeu (após a morte de sua filha Júlia, casada com o mesmo) César, nas margens do Rubicão, com apenas uma legião solta a seguinte frase em grego - "a sorte está lançada". O Senado buscaria em Pompeu sua resistência, começaria uma Guerra Civil que duraria 4 anos. Pompeu seria derrotado na batalha de Farsala em 48 a.C. e morreria no Egito após tentar se reorganizar usando o apoio do reino ptolemaico. Ao entregarem a cabeça de Pompeu a César, o mesmo chora e jura vingança ao rei egípcio Ptolemeu pelo atrevimento. Ao perceber esta oposição de César ao governo de seu irmão, Cleópatra, usou César como um importante aliado para sua tomada do trono Egípcio, os dois seriam amantes declarados.

NOS IDOS DE MARÇO

Júlio César pouco havia ficado em Roma, mas por volta de 45 a.C. o mesmo se estabelece, após o senado lhe conceder o título de Ditador Perpétuo. Apesar da morte de Pompeu, a oposição a César ainda era enorme, principalmente na Hispania onde as legiões fiéis a Pompeu estavam sob o comando de seu filho. Em Roma, César faz uma série de reformas muitas delas populares, inspiradas nas tentativas dos irmãos Crasso. Ele também ajusta o calendário romano usando o conhecimento grego e no lugar do mês quintino coloca o seu nome (no Brasil chamamos de Julho). Todas as reformas de Júlio César acenderam o alerta do muitos senadores opositores a estas reformas (desde os assassinatos de Crasso nós percebemos uma forte resistência do senado a medidas populares) e quando oferecem a Júlio César uma coroa em uma cerimônia (o mesmo nega a coroação simbólica) uma parte do Senado Romano se articula para manter Roma livre de uma possível monarquia. m complô de 18 senadores espera Júlio César na entrada do Teatro do Senado (reformado por Pompeu tinha inclusive uma estátua dele na entrada). Ao se ver isolado de Marco Antônio e demais apoiadores, César é apunhalado por diversos senadores, entre eles Cássio, Metelo e seu ex-enteado Brutus, descendente da família que havia libertado os Romanos de Tarquínio o Soberbo segundo a Tradição Romana em 509 a.C. Júlio César caiu ensanguentado embaixo da estátua de Pompeu nos Idos de Março de 44 a.C.



HERDEIROS DE CÉSAR

Roma fervilha após o assassinato de César, o mesmo teve uma cremação adaptada devido ao intenso apelo popular na capital dos Romanos. Os senadores que assassinaram César preferiram fugir de Roma, apesar de aparentemente seus títulos terem sido mantidos. Marco Antônio e os senadores a favor de César iniciavam suas articulações para a tomada do poder. Do oriente chegava o filho de César, mas não é o Cesarião, suposto filho de César e Cleópatra (alias esta estava em Roma no dia do assassinato e tão logo ocorreu, voltou para o seu reino). Estou falando de Caio Otávio, sobrinho e filho adotivo de César, o mesmo sabendo da sua imensa herança política, adotou o nome de Caio Júlio César, ficando mais conhecido como Otaviano (ex-Otávio). Começaria aí uma intensa Guerra Civil Romana, iria sobrar até mesmo para o nosso amigo Cícero, assassinado a mando de Marco Antônio em dezembro de 43 a.C. Diversos movimentos distintos entram em conflito, Lúcio Antônio (irmão de Marco Antônio) e a esposa do próprio, Fúlvia, lideraram uma revolta frustrada no península itálica contra seus opositores, os aliados de Otaviano e ambos são derrotados em 41 a.C. Marco Antônio e Otaviano se estranharam com alguns combates, mas seus inimigos, os filhos de Pompeu e os senadores Brutus e Cássio, forçaram uma aliança entre eles, que juntos a Lépido, formaram um Segundo Triunvirado em 43 a.C. Só que desta vez este era um acordo oficial com validade de 5 anos nos quais ambos seriam Cônsules e dividiriam o poder de Roma. Desta forma os opositores foram derrotados (os filhos de Pompeu) e os senadores que mataram César, e a aliança entre os três sofre uma pequena modificação em 36 a.C. quando Lépido é retirado do tratado.

Assim o mundo romano se dividia entre Otaviano e Marco Antônio, aliás, o último casou-se com a irmã de Otaviano (Otávia) após a morte de Fúlvia, porém, Otaviano não se mostrou tão presente no relacionamento e tampouco em Roma, devido a sua paixão por Cleópatra. Com o divórcio com Otávia oficializado em 32 a.C. Otaviano e Marco Antônio intensificam o conflito entre eles, um dos motivos era Cesarião, reconhecido por Marco Antônio como o único filho de César. A Guerra entre ambos tem início e mesmo com a vantagem militar e econômica (Marco Antônio tinha mais homens e mais dinheiro, por causa do Egito) Marco Antônio é derrotado no mar, na batalha de Acio em 31 a.C. Otaviano contava com o seu general Agripa e ao cortar os suprimentos e a comunicação da frota de Marco Antônio e Cleópatra, conseguira uma decisiva vitória no mar. Em 30 a.C. Otaviano entrava em Alexandria, Marco Antônio comete suicídio assim como Cleópatra. O pobre Cesarião, com 16 anos é assassinado.
Ao retornar a Roma, todos sabem, não haverá mais República, Otaviano iria concentrar todo o poder em suas mãos. Uma intensa reforma política tem início, e todas elas tinham como objetivo concentrar o poder nas mãos de Otaviano, ele controlaria todas as províncias, escolheria os generais romanos e seria o comandantes supremo do exército. As eleições para as assembleias seriam suprimidas, pouquíssimas decisões ainda seriam tomadas pelo Senado, uma delas, em 27 a.C. concedia diversos títulos a Otaviano, como o acréscimo de Augusto ao seu nome e o título de Prínceps de Roma. Nome oficial de Roma adotado desde 100 a.C. SPQR (Senatus Populus Que Romanu - O Senado e Povo Romanos) começaria a não ter tanto significado.

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