O final do séc. XVII, mais precisamente a partir de 1693 trará uma nova realidade a política portuguesa na colônia. Metais preciosos foram encontrados onde hoje é a cidade de Ouro Preto, aliás era assim que eles encontravam o ouro, envoltos a uma camada escura, essas ‘pedras’ eram facilmente retiradas dos leitos dos rios, mostrando tamanha era a fonte que existia na região onde havia minas por todo lado, ou seja a região das Minas Gerais. Num primeiro momento o governador-geral queria manter o controle dessas minas sob a jurisdição da capitania da Bahia, porém o rei Pedro II preferiu valorizar os exploradores do sudeste, ou seja, os bandeirantes, na visão do rei, os bandeirantes sempre souberam do ouro na região, mas preferiam buscar o ouro vermelho – os índios – pois estes davam maior retorno.
Um tempo depois os paulistas vão perceber que o governo português os havia enganado em relação a privilégios sobre a exploração do ouro, estes privilégios nunca existiram e o aumento da presença de migrantes do nordeste e de Portugal aumenta a tensão na região. Os bandeirantes apelidaram os forasteiros de emboabas, que na língua tupi significava perna peluda – os migrantes costumavam usar botas enquanto a maioria dos bandeirantes andavam descalços. Entre 1707 e 1709 paulistas e emboabas se enfrentam em uma série de conflitos. Derrotados, os paulistas acabam buscando preciosidades no centro-oeste, nos atuais Mato-Grosso do Sul, Mato-Grosso e Goiás. A derrota dos paulistas na região transformou a forma como o reino administrava o luga. Foi criada a capitania de São Paulo e Minas Gerais, separando-se do Rio de Janeiro. Os paulistas tinham interesse na região pois até o abastecimento de comida era controlado por eles. Mesmo prejudicados, os paulistas exploram outras regiões em busca de riquezas encontrando ouro nos atuais estados de Goiás (1725) e Mato Grosso (1718).
As primeiras localidades a sofrerem a exploração do ouro foram as atuais cidades de Ouro Preto, Mariana e Sabará no Estado de Minas Gerais. Ouro de aluvião era a principal característica das primeiras descobertas auríferas na região. Esse ouro era encontrado na superfície e era retirado nas margens ou nos leitos dos cursos d’água misturando água, argila e areia. Na maioria das vezes esse ouro era retirado através do uso de bateias, carumbés ou almocafres, esses garimpeiros eram chamados de faiscadores, pois o ouro no leito dava essa impressão. Claro que havia a produção em larga escala, com uso de escravos e equipamentos mais sofisticados, esse processo era conhecido como lavra. Os diamantes foram encontrados em 1729 no Arraial do Tijuco (atual Diamantina) e também fora das Minas Gerais como na chapada da Diamantina atual Bahia. A extração de diamantes era feita em regime de monopólio e em 1772 passou a ser feita diretamente pela coroa, denominada real extração.
Portugal rapidamente tomou o controle da região distribuindo terras aos interessados que tivessem descoberto a área, parte dessa área seria cedida ao descobridor, o restante ficaria com a coroa. As demais partes eram arrendadas conforme o número de escravos dos pretendentes. Essa política intensifica o tráfico negreiro e inflaciona o preço dos escravos, que agora em grande maioria eram destinados a região. A Intendência das Minas era o principal órgão de controle da coroa na região, sua responsabilidade era desde a distribuição de lotes até a cobrança de impostos. Os impostos variaram conforme os anos, o quinto era no qual 20% do ouro iria para a metrópole, depois veio a capitação onde havia um imposto fixo, por escravo ou sozinho caso fosse. Esse sistema obrigava o garimpeiro a trabalhar cada vez mais em busca de metais preciosos. É claro que a sonegação e o contrabando de ouro eram inevitáveis, missões partiam das minas pelo atual Tocantins até chegar no Maranhão onde embarcavam para a Europa. O ouro muitas vezes era contrabandeado em pó, sendo algumas práticas comuns como a utilização do santo de pau-oco. Ao saber desse método a coroa proibiu padres na região. Em 1719 o governo criou o sistema de casas de fundição nas quais seria depositado todo o ouro extraído das jazidas. Ali, após a retirada do quinto, o metal era fundido em barras e recebia o selo real. Sendo essa a única circulação de ouro permitida.
Foi muita gente para a região das minas, estima-se que a população da colônia em geral tenha crescido em um milhão durante o período do auge da mineração (1700-1750). Havia muita pobreza, os pequenos proprietários, os trabalhadores livres e libertos e os escravos viviam em péssimas condições, além da violência provocada pelos salteadores. Em muitos momentos a migração era tão grande que simplesmente não tinha alimento, crises de fome mataram diversos colonos, em especial nas crises de 1702-1703-1704 e 1713. Além disso o custo de vida na região era altíssimo, a dificuldade no abastecimento e a riqueza que circulava em grandes volumes fazia com que os preços fossem em média dez vezes maiores do que nas outras regiões da colônia. Apenas os grandes proprietários de lavras, os contratadores, os comerciantes ligados ao abastecimento local e os funcionários da coroa tinham riqueza. Havia uma camada social intermediária composta dos faiscadores, agricultores, artistas entre outros. Grande parte do comércio e dos pequenos negócios com comida eram liderados por mulheres. Ao contrário das regiões açucareiras, a região das minas concentrava maior número de pessoas livres, além da maior possibilidade de o escravo conseguir comprar a sua liberdade. Não podemos deixar de lembrar que o escravo na região tinha uma expectativa de vida menor devido as condições de trabalho.
Os artesãos e artistas que viviam nas áreas de mineração desenvolveram estilos peculiares ligados ao barroco. As igrejas católicas sempre bastante ordenadas com ouro representavam algumas das principais obras barrocas. Entre os principais artistas tem destaque Antônio Francisco Lisboa (o Aleijadinho) ele foi autor de diversas esculturas e projetos arquitetônicos, ele projetou igrejas como a de São Francisco de Assis e esculturas como Os doze profetas que decoram o quadro da igreja, até hoje não se tem a certeza da existência de Aleijadinho, desconfia-se que diversos artistas com estilos parecidos tem obras identificadas como sendo de Aleijadinho. Existiram também as pinturas de Manuel da Costa Ataíde e de músicos que chegaram a formar uma comunidade numerosa na região, fazendo composições próprias