AS GUERRAS GRECO-PÉRSICAS (GUERRAS MÉDICAS)

Sob o reinado do rei Dario I, a Ásia Menor e suas diversas cidades gregas, eram dominadas pela Pérsia. Lideradas por Mileto, entre 499-493 a.C há uma grande revolta dos gregos na região, e Atenas, cidade mãe da maioria deles, decidiu apoiar a revolta enviando algumas trirremes. O resultado foi a derrota das cidades gregas e a promessa de Dario de que Atenas não ficaria sem punição. Aliás, em 492 a.C. Dario já enviaria uma missão punitiva por terra, onde as regiões da Trácia e da Macedônia acabariam sendo dominadas. Por mar, Dario enviara uma frota diretamente as ilhas gregas do Egeu, Atenas seria o último destino para um destacamento de 30 mil persas enviados em poderosas embarcações fenícias.
 

A iminente invasão persa em Atenas alarmava a democracia ateniense. Dátis e Artafenis foram os comandantes persas na invasão, eles planejaram desembarcar numa região litorânea da Ática, conhecida como Maratona, e assim o fizeram no ano de 490 a.C. Atenas se mobilizou e logo um exército com 9 mil hoplitas partiu para a região lideradas por seus estrategos, onde o de maior destaque era Milcíades (ele já havia enfrentado os persas na Trácia). Enquanto isso Fildípedes corria para pedir socorro a Esparta (cidade mais poderosa da Grécia) porém os festivais religiosos (e o rancor do rei Cleomenes) não permitiram o apoio espartano. Milcíades tinha um exército menor do que o persa, porém estava melhor posicionado e melhor equipado. Os persas contavam com apoio do antigo tirano de Atenas (Hípias) que sonhava retomar o poder - inclusive ele tinha alguns apoiadores esperando pelos persas na cidade. A ideia persa foi deixar uma parte da tropa em Maratona e partir com seus barcos para Atenas, onde desembarcaria e com ajuda dos apoiadores de Hípias, tomaria a cidade. Milcíades descobre o plano e convence os demais estrategos de que deveria atacar rapidamente os persas restantes no local e correr para Atenas. Mesmo com menos homens, os hoplitas atenienses partem para a ofensiva fortalecendo seus flancos e cercando os inimigos, foi um verdadeiro massacre. Fildípedes corre para dar a notícia em Atenas, desta forma os apoiadores de Hípias desistiriam do apoio aos persas. Ele consegue fazer isso, mas acaba morrendo de tanta fadiga - uma prova chamada de Maratona foi criada nas olimpíadas em sua homenagem. Após a vitória Milcíades partiu para Atenas rapidamente, enquanto os navios persas esperavam por um sinal positivo dos apoiadores de Hípias para invadir a cidade. O sinal nunca veio e ao ver os hoplitas chegando na cidade, os persas retornaram para o seu reino. Os espartanos chegaram logo depois para vistoriar a batalha vencida pelos atenienses. 
Após a Batalha de Maratona, Atenas viveu momentos tensos na sua política, a sua vitória militar reforçava que o ideal democrático vencera, mas era preciso pensar que os Persas ainda eram uma imensa ameaça. Neste contexto político Temístocles acaba se destacando. Ele via como necessidade primordial reforçar a marinha ateniense, mas o custo dos trirremes eram altíssimos e convencer a Boulé e a Eclésia desta necessidade não seria uma tarefa fácil. Temístocles argumentou a necessidade de uma política militar voltada a marinha com o pretexto que Eubeia (a ilha vizinha) era uma ameaça constante a liberdade do comércio marítimo ateniense. Desde 486 a.C. Temístocles liderava a construção de uma poderosa frota ateniense. 
Na Pérsia o rei Dario morre e um de seus filhos, Xerxes (indicado por Dario I) assume como Grande Rei. Xerxes não esquecera da insolência de Atenas e tinha como grande missão o domínio do mundo grego. Porém sua missão atrasa devido a uma revolta no Egito. Em 480 a.C. Xerxes parte com um imenso exército, cujo total de homens é estipulado em mais de 200 mil. Ao contrário do seu pai Dario I, Xerxes organiza uma grande expedição por terra e mar, ultrapassando o Helesponto e partindo para a cidade de Atenas pessoalmente. A partir desta ameaça os gregos se dividiram. Para apoiou os persas, como a Macedônia e a cidade de Tebas, outras cidades gregas porém, acabaram unindo-se contra os mesmos, formando uma primeira aliança do povo grego. Entre estas cidades estavam Atenas e Esparta.
A estratégia inicial dos atenienses e espartanos foi a de bloquear os persas em regiões mais estreitas, tanto no mar quanto por terra. Os gregos são derrotados inicialmente pelo mar na batalha de Artemísio e heroicamente na Batalha das Termópilas. Sobre esta batalha é interessante estender nosso relato. Ao invadir a Hélade (Grécia) o grande exército persa partia via terrestre diretamente para Atenas. Os espartanos haviam mandado 300 Iguais (espartanos) e 2 mil Hilotas, sob o comando do rei Leônidas, os espartanos não podiam enviar mais homens pois estavam no seu festival da Carneia. Os atenienses e as demais cidades gregas conseguiram reforçar esta tropa com mais 5 mil Hoplitas. A ideia de Leônidas era bloquear os persas no desfiladeiro das Termópilas, uma passagem estreita que impediria o exército persa de uma ação no seu estilo (campo aberto). Os dois primeiros dias de batalha são um verdadeiro massacre em favor dos gregos. Liderados pelos espartanos, nem mesmo a elite dos soldados persas (os imortais) foram páreo para os espartanos. Porém ao descobrir uma passagem alternativa, os persas conseguem cercar o exército grego. Neste momento o rei Leônidas envia os demais aliados de volta para Atenas e mantém a defesa da região até a sua morte. Leônidas e os espartanos são mortos e a cabeça do rei é empalada. Apesar da derrota, o número expressivo de persas mortos abalou moralmente o exército persa, Xerxes partiria para Atenas. 


Enquanto a Batalha das Termópilas acontecia, Temístocles e os atenienses evacuavam a cidade para a ilha de Salamina e colocavam sua frota posicionada naquele estreito. Xerxes invade Atenas destruindo os templos e colocando fogo na cidade, enquanto isso sua imensa frota aproximava-se da região, após uma pequena batalha com Temístocles no estreito de Artemísio. Os gregos tinham pequenas chances de vitória, apesar da política de construção naval atenienses, o número de trirremes e a experiência naval ainda era inferior a dos persas, que dentro desta frota contava com os experientes fenícios. Temístocles decide usar o tempo como aliado e o modo grego da enganação. Xerxes deveria retornar para a Pérsia imediatamente, devido as provisões e ao outono que estava chegando. Temístocles atraí os persas para o estreito de Salamina, fazendo os mesmos acreditarem que os gregos estavam descoordenados. Xerxes envia parte da sua grande frota para destruir os trirremes gregos, nos quais ele acreditava que estivessem ancorados. Logo percebeu-se que a frota grega estava preparada para o confronto, e com trirremes adaptados ao mar fechado, logo, a vantagem na batalha passava para o lado grego. Após horas de confronto desenfreado, os persas batem em retirada, mesmo restando ainda uma frota considerável, a moral dos marinheiros fenícios principalmente, estava afetada. Esta vitória grega forçaria Xerxes a abandonar a sua missão, afinal, sua promessa de destruir Atenas já havia sido consolidada. Para continuar com a campanha terrestre, Xerxes deixa seu comandante Mardônio. 

Para se defender da ameaça terrestre, os gregos haviam construído um muro no istmo que ligava a região do Peloponeso para a Ática. Esse muro seria inútil caso a marinha ateniense fosse derrotada, mas com a vitória em Salamina, finalmente os Espartanos poderiam liderar um contra-ataque terrestre. Em 479 a.C. o rei espartano Pausânias (sobrinho de Leônidas) liderava uma coalizão das cidades gregas aliadas e com mais de 30 mil homens, saiu do Peloponeso e partiu para a região de Plateias, uma planície próxima de Atenas e de Tebas. Mardônio e o imenso exército persa foram ao encontro dos gregos. Estima-se que Mardônio comandasse cerca de 150 mil homens, e os gregos fossem entre 30-40 mil (um número menos, porém foi o maior exército grego até então). Por doze dias ambos exércitos se analisaram, e a "perceber" o recuo dos gregos (recuo proposital) Mardônio avançou com a sua cavalaria, sofrendo uma imensa derrota. Os persas foram massacrados até o retorno para seu império, pois no caminho foram atacados por inúmeros povos gregos, como os Macedônios. A Vitória de Plateias foi a última vez que os persas tentariam o domínio da região do sul da Grécia. Ao mesmo tempo uma ofensiva marítima contra a marinha persa que se retirava foi realizada pelo outro rei espartano, Leotíquedes III e o ateniense Xantipo. Ao derrotar o restante das forças persas, os gregos motivaram uma segunda onda de revolta das cidades jônias na Ásia Menor.
Os persas foram derrotados, mas ainda representavam uma grande ameaça, haja visto que Xerxes voltou como um vitorioso para o seu reino, pois fizera o que tinha prometido (queimado Atenas). Para evitar uma nova onda de invasões persas, Atenas propôs uma Liga para construção de uma frota que pudesse se opor a uma futura invasão. As cidades poderiam contribuir com dinheiro ou barcos de guerra e o dinheiro ficaria na ilha de Delos, nascia no ano de 476 a.C. a famosa Liga de Delos.

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