GRÉCIA ANTIGA - ESPARTA

 Numa região chamada Lacedemônia surgia Esparta. Uma das muitas cidades gregas (pólis) que surgiriam no começo do período Arcaico. Poucas frátrias vão formar uma pequena e simples pólis, intrincada em uma região montanhosa, pouco acessível e que tinha pouco potencial agrícola. Ao analisar Esparta, certamente você vai achar essa cidade muito esquisita, mas não se preocupe, os contemporâneos dos espartanos sentiam o mesmo, porém com uma grande dose de admiração e perplexidade. Como os gregos diziam - Esparta é uma cidade composta de homens adestrados como potros e de poucas palavras. Aliás, o termo Lacônico (fala pouco) vem da região no qual Esparta fazia parte. Os gregos zoavam essa concisão verbal dos Espartanos, eles exemplificavam desta forma. Quando perguntaram ao rei espartano qual treinamento era mais usado em Esparta, ele respondeu. Saber receber ordens. E dar ordens. Esparta era uma cidade de origem dórica, diferente de Atenas que era de origem jônica.

A formação de um espartano começava no seu nascimento. Ao nascer, o bebê (considerado pertencente ao Estado) era analisado por um conselho de anciãos que decidiria se o nascido iria viver ou não. Nos primeiros anos de vida a criança seria educada para ser feliz, comer toda a comida, não ter medo de escuro e evitar ser birrento e chorão. Tudo isso porque aos 7 anos, o menino seria levado pelo Estado para o seu treinamento na arte da guerra. A educação espartana (agogê) tinha o objetivo de ensinar a disciplina ao obedecer ordens, lidar com o cansaço e vencer as batalhas. As crianças eram divididas em tropas e passariam a dormir em dormitórios, todos juntos, como se estivessem em uma campanha. Eles recebiam apenas um manto por ano, era muito comum andarem completamente nus adaptando o seu corpo ao clima e ao relevo. O Agogê terminaria aos 18 anos, após este período, o jovem ficaria na reserva do exército até seus 21 anos, quando poderia ser escolhido para o Sissytia (refeição comum) um grupo de 15 membros nos quais o indivíduo passaria grande parte do tempo compartilhando refeições e o dormitório, o que estreitaria mais ainda seus laços em batalha. Tá, mas e as mulheres? Diferente das demais cidades gregas, as mulheres de Esparta compartilhavam um treinamento bastante similar aos dos homens, com provas físicas e treinamentos como corrida, arremessos, luta, afinal, elas deveriam se sobressair fisicamente para poder gerar filhos fortes. O casamento era uma política de Estado, os homens poderiam ser multados se não o fizessem. Se casados, não poderiam mostrar ciúmes tampouco serem amorosos em excesso. Até o nascimento do primeiro filho, era comum o espartano encontrar-se com a esposa escondido, sem conhecê-la direito, pois o mesmo, deveria continuar vivendo na sua Sissytia. Havia o compartilhamento de esposas para que o filho nascesse de um bom esperma (eles que diziam isto) esse filho seria tratado como legítimo pelo marido. As mulheres tinham o costume de cobrar dos maridos o retorno com vitória ou morte de uma batalha, voltar derrotado sem um ferimento frontal considerável, poderia levar a vergonha ou exílio da família.

No início do período arcaico no séc. VIII a.C. as cidades gregas cresciam e suas populações em expansão procuravam novos lugares para se estabeleceram, formando diversas colônias pelo mar Mediterrâneo. Estas colônias iriam suprir as cidades mães (metrópoles) com diversas manufaturas e produtos agrícolas, elas eram independentes destas cidades mas mantinham negócios com elas. Nesta época Esparta - localizada numa região de difícil acesso, escolhe um caminho diferente das demais. Primeiro os espartanos procuram criar assentamentos dependentes ao redor de Esparta, no começo serão 30 assentamentos, com a missão de fornecer produtos manufaturados e outros serviços para Esparta. Esses habitantes seriam chamados de Periecos (aqueles que vivem ao redor), eles poderiam ser convocados para a guerra, mas não teriam o mesmo prestígio de um soldado de Esparta. Percorrendo o sul do rio Eurotas, os espartanos conquistam diversas tribos na região pantanosa do sul do Peloponeso, estas tribos tornariam-se propriedades de Esparta, tendo a obrigação principal de fornecer alimentos para a cidade. Os habitantes eram escravos do Estado, eles ficaram conhecidos como Hilotas, pois uma das principais tribos conquistadas se chamava Helos. A partir de 730 a.C. Esparta se vê na necessidade de aumentar sua dominação no Peloponeso, iniciando uma campanha militar contra a Messênia, uma cidade com grande potencial agrícola e posteriormente com Argos. Esses conflitos trarão a ideia para Esparta de que era necessário para a pólis, transformar-se numa sociedade militarizada. Deste modo, os por volta de 9 mil espartanos ganhariam a cidadania plena e teriam sua dedicação voltada exclusivamente para o exército. Os messênios acabariam sendo hilotizados.


 


 Outros movimentos ocorreriam na Grécia por volta do séc. VII a.C. era Revolução Hoplita e a Tirania. As pólis eram geralmente governos oligárquicos, ou seja, um grupo de Eupátridas (os mais ricos) escolhiam seus líderes o que favorecia sempre o prestígio e o poder deste mesmo grupo. Outros grupos sociais menos favorecidos, como os Georgóis (pequenos produtores) e os Demiurgos (comerciantes) começavam a ter acesso ao mesmo equipamento de combate  que os mais ricos, que era basicamente as ombreiras e um peitoral (de latão ou bronze) uma lança comprida, uma espada curta, caneleiras, sandálias e o famoso hóplon, um escudo pesado que tornava o soldado bem protegido, daí o nome Hoplita. Todo esse acesso daria a estes grupos menos privilegiados, mais poder, o que levava a que alguns Eupátridas, articulassem com estes grupos o seu caminho para o poder e assim o tomasse, favorecendo os grupos populares e perseguindo seus nobres opositores. Esse meio de tomada de poder ficou conhecido como Tirania (usurpação do poder) e se popularizou nas cidades gregas durante o período. Para fugir desta forma de governo, os Espartanos vão organizar-se numa Diarquia, ou seja, um governo baseado em dois reis de diferentes dinastias (a ágida e a euripôntida) que não teriam poder pleno na política, já que havia o Eforato para fiscalizá-los, a Gerúsia, para julgá-los e a Eclésia que daria voz a todos os espartano (homens de Esparta e membros de uma sissytia acima de 30 anos). Na questão militar, os reis teriam poderes plenos, mas sempre seguindo os conselhos dos oráculos e respeitando as cerimônias religiosas da cidade. A religião era uma prioridade quando falamos em sociedade grega.


 Desta forma Esparta se torna a cidade mais poderosa da Grécia, mas apesar disto, sua política não era voltada para o expansionismo. Os espartanos procuravam manter sua hegemonia no Peloponeso e sua dominação em relação aos hilotas. Apesar disto, Esparta sempre esperava dos demais gregos, o reconhecimento de sua força e superioridade. 

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