Grécia antiga é toda a região que na antiguidade foi habitada por falantes do grego. E foram regiões bem ruins para a agricultura, muitas vezes recheadas de formações rochosas e com pouco espaço para uma agricultura como era no Egito e na Mesopotâmia. O grego é uma língua de origem indo-europeia assim como o latim, o eslavo, o persa, as línguas germânicas, entre outras. Ah, indo-europeia é um grupo de línguas originárias do norte da Índia (daí indo) passando pelo Irã (por isso o persa é indo-europeu) até a Europa. É o maior grupo linguístico existente no planeta. Para entendermos a origem da Grécia Antiga, vamos analisar um pouco seus períodos históricos.
O Período Minoico (2400 - 1500 a.C.)
Enquanto na Hélade (território da Tessália, Ática e Peloponeso - veja no mapa acima) era habitado pelos primeiros povos de idioma grego, na ilha de Creta desenvolvia-se uma civilização palaciana que influenciaria estes povos, os cretenses não eram gregos, mas vamos começar nossa história por aqui.
Na ilha de Creta, por volta de 2400 a.C. percebemos os primeiros vestígios de civilização. Foi construída uma sociedade palaciana, ou seja, um reino com cidades centradas em palácios, nos quais o principal deles ficava na cidade de Cnossos. Esses cretenses eram voltados ao comércio do Mediterrâneo e desenvolveram inclusive a escrita. Não há muralhas ao redor das suas cidades, o que não indica a existência de ameaças externas a região. Por volta de 1500 a.C. há uma decadência desta civilização, provavelmente ocasionada por erupções vulcânicas na ilha. Posteriormente esta ilha foi dominada por um povo grego, os aqueus. Essa civilização é importante para a formação do povo grego, pois as primeiras cidades gregas são inspiradas na configuração palaciana de Cnossos, assim como a escrita por exemplo, era originária de Creta. O nome de período Minoico é dado a este período de grandeza da civilização cretense, porque Minos é um rei lendário, pai de Minotauro, morto pelo príncipe de Atenas, Teseu. Este mito grego demonstra a influência dos cretenses na história grega, comprovadamente foram os cretenses que influenciaram diversos elementos dos gregos na sua era de bronze.
O Período Micênico
Ah, vou chutar uma data aí, pois não sabemos exatamente quando as cidades gregas começaram a se formar no continente, então vamos estabelecer um período entre 1600-1500 a.C. Por volta desta época, diversos povos gregos estabeleceram-se na região, fundando suas primeiras cidades palacianas - inspirados em Creta. Diversos povos? Sim, diversos povos tinham um idioma e uma cultura similar, mas não eram iguais, nós temos o estabelecimento na região de pelo menos três deles - os Eólios - nome inspirado em Eólo, deus dos ventos. Outro povo foi o Aqueu este ocupou a região do Peloponeso e posteriormente Creta, durante o período Micênico este povo foi o responsável por fundar importantes cidades como Micenas, Tirinto e Argos. Já os Jônios (vem de Jon, um suposto rei de Atenas) habitaram basicamente a região da Ática, onde fica a cidade de Atenas. Estes três povos fundaram reinos e coexistiram durante um período chamado de Micênico, porque a cidade de Micenas teve um importante destaque naquela época, tornando-se a cidade mais poderosa do seu tempo. Os micênicos (gregos do período) herdaram a escrita cretense, uma forma de escrita por sinais feitos muitas vezes na argila, chamada de Linear B. Deste grego primitivo só se tem a informação de registros comerciais e inventários, não há nenhuma prosa ou mito escrito naquela época. Os mitos da Ilíada e da Odisseia que se passam neste tempo, mostram uma grande batalha contra a cidade de Tróia (Ásia Menor) que também era grega, então supostamente este conflito foi motivado por questões comerciais. O interessante dos mitos é a amostragem de alianças entre estas cidades micênicas, o que mostra uma suposta união entre os diferentes povos gregos da região.
O Período Homérico
Mais ou menos por volta de 1150 a.C. percebemos o fim daquelas cidades palacianas da era do bronze dos gregos. A escrita desaparece assim como os vestígios das intensas atividades comerciais. Agora os vestígios arqueológicos estão no campo e a agricultura passa a ser a principal atividade econômica dos gregos. Mas afinal de contas, o que aconteceu?
É a chegada de um quarto povo grego vindo do norte que muda tudo. Os dórios chegam na região com armas de ferro e a partir daí começa uma época de grande violência na Hélade. O domínio dórico empurra os demais povos para outra regiões, e traz um fenômeno de ruralização, devido é claro, o aumento da violência (veremos outros episódios similares).
Então entre os anos de 1150 a.C. até meados de 800 a.C. nós vivemos num período chamado de Homérico (devido aos poemas da Ilíada e da Odisseia, criados nesta época por um suposto poeta cego chamado Homero). Neste meio tempo nós temos alguns elementos que vão influenciar os gregos no seu renascimento (período de surgimento das pólis).
Tá, já falei mas não custa repetir, a escrita some neste tempo, cidades palacianas da era micênica são abandonadas, mas há outras mudanças, o sistema de batalha anterior era a cavalaria, agora passa a ser a infantaria (era mais simples e barata) mas as armas não são mais de bronze, são de prata. A cerâmica passa a ter traços mais simples. Os reis da era micênica e os grupos nobres daquele tempo passam a ser substituídas por famílias que dominaram as regiões, era o surgimento das Genos. Aliás, a busca destas Genos por uma origem nobre, reconstrói mitos passados, como os de Hércules ou da Guerra de Troia (talvez por isso as histórias de Homero tenham sido tão valorizadas).
Voltamos a questão das Genos - elas eram uma espécie de clã, ou seja, grandes famílias que acabaram dominando algum território durante o período de dominação dos dórios. Essas famílias vão criar um sistema coletivo de posse e ajuda na colheita e com o tempo a população começou a exceder a capacidade de plantio, forçando a divisão e a posse da terra. Nascia o conceito de propriedade privada na Grécia, assim como a divisão social retornaria. Esse novo tipo de organização social, onde as melhores terras iriam para os membros mais próximos do Pater (patriarca da Geno) chamados de Eupátridas (bem-nascidos). Alguns ainda manteriam uma pequena propriedade e ficariam conhecidos como Georgóis (agricultores). O restante estaria sem posso alguma, marginalizado na sociedade, formando o grupo dos Thetas (marginalizados, sem nada). É a partir dessa divisão social baseada na terra que uma nova aristocracia - os Eupátridas - vão passar a organizar instrumentos de decisão política, os rituais, enfim, criariam elementos que afirmassem seu poder, inclusive se unindo a outros para a defesa de suas terras, formando as Fátrias. A partir desta organização vão surgir os primeiros centros de refúgio, de comércio e de sacerdócio, na maioria das vezes em lugares altos, dando maior proteção ao lugar. A partir destes centros vão surgir as Pólis, um novo tipo de cidade grega.
O Período Arcaico
A partir do ano 800 a.C. a nova organização social dos gregos começaria a trazer uma certa unidade cultural aos mesmos, e possibilitaria o surgimento das Pólis (Cidades -Estado gregas) e de sua colonização pelo mar Mediterrâneo - motivada pela falta de terra para o plantio. A maioria das pólis incentivarão a colonização ultramar e essas novas colônias (independentes) farão comércio com suas cidades mães (daí o nome metrópole).
Cada pólis grega vai ter um sistema de governo e uma organização social independente da outra, por isso, percebemos grandes diferenças políticas e sociais entre as pólis. Duas potências completamente diferentes vão surgir no período - Atenas e Esparta.
Um outro elemento deste período é a Revolução Hoplita - quando gregos começam a ter um maior acesso as armaduras de combate, e classes mais populares começam a ter maior poder. A partir desta mudança, algumas cidades tiveram seus reis depostos por tiranos - governos autocráticos que se baseavam numa política popular (mas muitas vezes era abusiva) para manter o apoio de uma maioria hoplita e assim se perseverar no poder. Esparta vai resistir a tirania fortalecendo sua aristocracia, onde a dedicação do espartano (classe mais alta de Esparta) a guerra, vai torná-la a classe social mais poderosa. Atenas evita por um tempo a Tirania concedendo maiores direitos e participação a classe com menos posses. A partir desta política Atenas começa a dar seus primeiros passos rumo a uma nova forma de governo - a Democracia.
O Período Clássico
Ahh, chegamos no ápice da Grécia - o seu período Clássico. Uma época que vai entre meados de 510 a.C. até 323 a.C. Mas o que acontece nesse período? Galera, é simples, aqui nós vamos ver o sistema de governo inovador e que nos inspira até hoje - a Democracia. Mas também vamos perceber o surgimento da Filosofia - Sócrates, Platão e Aristóteles viverão nesta época. Os Jogos Olímpicos e outros existentes, se consolidarão como festivais que unificavam o mundo grego. O Teatro com seus dramas e comédias destinariam peças que até hoje nos inspiram. A arte grega nos deixará estátuas e monumentos arquitetônicos incríveis, assim como uma cerâmica evoluída e altamente ilustrada. A História vai nascer neste período, Heródoto, Xenofonte, entre outros, vão começar a se preocupar em narrar os acontecimentos passados da humanidade e a deixar fontes escritas para a posteridade. Mas nem tudo será tranquilo, este é o período de grandes batalhas, primeiro com a invasão dos persas e depois entre os próprios gregos, na chamada Guerra do Peloponeso. A partir daí os gregos vão acabar enfraquecidos e vão abrir espaço para um reino admirador desta cultura (e também grego) os Macedônios. Com Felipe da Macedônia, as pólis gregas são derrotas, mas mantém certa autonomia. Os gregos e Macedônios embarcam com o filho de Felipe - Alexandre - para uma conquista sem precedentes, a conquista da Pérsia.
O Período Helenístico
A morte de Alexandra o Grande em 323 a.C. abriu espaço para a consolidação de uma cultura grega no oriente - a cultura helenística. Ao criar cidades gregas em vários lugares (Alexandrias) e promover o casamento de soldados gregos com habitantes locais, Alexandre daria os primeiros passos para a troca cultural entre os povos do Oriente e o grego. A divisão do Império Alexandrino entre os seus generais, permitiu o domínio grego através de grandes reinos, como o Ptolomaico no Egito e o Selêucida no Oriente Médio. Mas o nascimento de uma outra potência militar traria uma forma de combate superior a grega (chamada de Falange) e colocaria um fim neste domínio grego de grande parte do mundo antigo. Em 33 a.C. a era helenística teria o seu fim, seria a vez dos romanos.
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