AS GRANDES NAVEGAÇÕES




Era 1405, os chineses enviavam as "jangadas das estrelas" navios gigantescos, onde algumas expedições contaram com mais 28 mil homens. Esse poder absurdo servia como um Soft Power chinês, ou seja, era uma demonstração do poder chinês aos povos do Índico, em troca, houve o reconhecimento do poder chinês como centro do mundo, diversos povos da costa do Índico enviavam embaixadores para a China com diversos tributos, reconhecendo o Império Chinês como centro do mundo. Desinteressados, os chineses encerram suas expedições em 1433 e começam um processo de se fechar em relação ao mundo. Não podemos deixar de destacar o grande nome desta empreitada, o chinês islamizado Zheng he.


Em 1415, enquanto girafas chegavam na China, pois os chineses haviam chegado à Costa africana, um outro evento deixava europeus surpresos. Um pequeno reino cristão, fortalecido por uma dinastia chamada de Aviz, cujo fundador era d.João I, invadia um importante porto comercial do Mediterrâneo, Ceuta. Estamos falando de Portugal, que em 1415, era um dos únicos Estados Nacionais da Europa. O reino português tinha uma nobreza (fidalgos) ávidos por sentimentos nacionalista e de cruzada religiosa. Pronto, dominar Ceuta (uma cidade muçulmana e comercialmente importante, aquele ouro dos reinos africanos do Sudão ocidental  paravam ali) passou a ser um objetivo do jovem Estado Português. Os filhos do rei (Duarte, Pedro e Henrique) participam da invasão, que culmina com a vitória portuguesa e aquela pilhagem e violência que nós vamos acabar percebendo aqui mesmo no Brasil no processo de extermínio dos indígenas.

Rumo às Índias (1483 - 1502)

Desde a conquista de Ceuta, os portugueses passaram a enxergar no oceano, o caminho para conquistar seus objetivos. Uma nova rota para as especiarias e a cruzada religiosa contra os muçulmanos. Lembro que Portugal surge a partir de um condado cristão enraizado no meio do domínio árabe na península Ibérica. Os portugueses expulsaram os árabes, conquistaram seu reino e absorveram técnicas de navegação dominadas pelos árabes, como o uso da cartografia, da bússola, do astrolábio e o desenvolvimento da Caravela, uma embarcação leve, pequena que usava as tradicionais velas latinas, porém, num movimento chamado de Bolina, as caravelas conseguiam navegar até mesmo contra o vento.


Com a coroação de d.João II (chamado de o príncipe perfeito) em 1480, Portugal voltava seus olhos novamente para a navegação. Dom João II tinha noção do reino Mali através dos mapas e ilustrações do rei Mansa Musa (rei de Mali). A riqueza na região aguçava o rei, que logo mandar uma expedição liderada por Diogo Cão. O mesmo explorou o litoral africano, acrescentando mais de 2500 km nos mapas existentes, porém, ele não havia encontrado a passagem do continente para as Índias, outro objetivo fundamental para os portugueses. Presente na corte portuguesa, o genovês Cristóvão Colombo, propôs uma rota alternativa para o Japão, pois ele havia tido contato com os mapas de Toscanelli, no qual acreditando no mundo esférico, mostrava que o oriente estaria mais próximo atravessando o Atlântico. O problema de Colombo era que o rei Português tinha uma noção do tamanho da África e os cálculos de Colombo sobre o tamanho da Terra não batiam. Tendo seu pedido negado, Colombo partiu para a Corte vizinha, de Aragão e Castela (futura Espanha).
Diogo Cão tentou atravessar o continente africano por rio, pois na primeira cachoeira eles perceberam que não tinham condições de fazê-lo. Desta forma, ao retornar a Portugal, Diogo Cão levou informações importantes para uma nova onde de expedições, desta vez em direção à Índia. Em 1486, dois projetos distintos portugueses são criados. O primeiro, numa missão terrestre, dois peregrinos, Pêro de Covilhã e Afonso de Paiva têm um missão - encontrar o lendário rei cristão (Preste João). No campo marítimo, Bartolomeu Dias lideraria uma pequena frota com o objetivo de continuar a missão de Diogo Cão, encontrar uma passagem para as Índias pela África. Se a missão terrestre não trouxe muitos frutos, Afonso de Paiva morreu de febre e Pêro de Covilhã foi tentado a ficar na corte da Etiópia - com Bartolomeu Dias a história foi outra. Após sua partida do rio Tejo em 1487, Bartolomeu Dias seguiu a difícil missão de percorrer o litoral africano próximo a sua costa. Em 1488 ele era atingido por fortíssimos ventos e ao analisar a latitude, perceber que havia contornado o continente africano. As doenças da tripulação e as condições das caravelas, obrigaram Bartolomeu Dias a retornar, porém a passagem era descoberta, o Cabo das Tormentas (chamado pelo Bartolomeu) foi transformado em Cabo da Boa Esperança pelo rei d.João II. Portugal encontrara sua passagem para as Índias.
Mas por que essa rota era tão importante? Simples, o Império Mongol havia terminado e as rotas de comércio aberta por eles foram fechadas, a dinastia Ming fechava a China para o mundo e a conquista de Constantinopla pelos Otomanos em 1453, fechava o cerco para o mundo cristão. A única saída era encontrar uma rota marítima, assim o comércio e o cristianismo poderiam se expandir.
Tudo estava indo bem para Portugal quando um pequena frota partira do reino de Aragão e Castela em 1492. Três caravelas (Santa Maria, Pinta e Nina) partiram da Espanha chegando em outubro daquele ano nas atuais Cuba, República Dominica, Haiti e Bahamas. Estamos falando do "descobrimento" da América por Cristóvão Colombo. Em março de 1493 Colombo chega em Lisboa, onde relata ao rei português que havia encontrado o Japão ou as índias, trazendo nativos nos quais ele chama de índios. Dom João não mata Colombo, mas avisa a Espanha que ele havia entrado em domínios portugueses e que ambas as coroas poderiam entrar em guerra. Com participação da Igreja, Portugal e a Espanha (recém se unificado) realinharam suas linhas criadas desde 1479 e formalizaram um novo tratado em 1494 no qual dividiriam o mundo em dois, estamos falando do Tratado de Tordesilhas.
Enquanto Colombo e outras expedições espanholas percorriam o novo continente, d.João II acabaria falecendo e o trono passaria a ser de d.Manuel (conhecido como o venturoso). Em 1497, uma nova frota partiria de Portugal, desta vez liderados por Vasco da Gama. Desta vez, os navios seriam maiores (Galés ou naus) e com canhões de bronze alemães se mostrariam mortíferos. A nova missão - reencontrar as índias.
Os portugueses não registravam as expedições marítimas para que estas não fossem descobertas por outras nações - Lisboa estava lotada de espiões, principalmente de Gênova e Veneza, que dominavam o mercado de especiarias. Desta forma, não sabemos como, mas Vasco da Gama detinha conhecimento sobre as grandes correntes marítimas do Atlântico, o que permitira que sua travessia fosse mais veloz do que a de Bartolomeu. Ao ultrapassar o Cabo da Boa Esperança, Vasco da Gama pode continuar sua exploração na costa oriental da África, porém ao contrário de Colombo, Vasco da Gama não encontrou águas silenciosas e sim o oceano dominado por dhows - embarcações mercantis muçulmanas. O trajeto de Vasco da Gama foi longo, difícil, ele parou na África (Moçambique) e a partir dali percebeu o domínio da cultura muçulmana. Vasco da Gama chegaria em Calicute (Índia) no dia 20 de maio de 1498, falaria com o Samorin (líder local) mas seria desdenhado devido a falta de riquezas a bordo sendo quase preso. Depois desta tensa reunião, Vasco da Gama partiria, sem antes bombardear a cidade e os navios que encontrava pelo caminho. Os portugueses sentiram-se ultrajados, mas deixaram aterrorizados os comerciantes da região.
Vasco da Gama retornaria para Portugal em 1499, seria agraciado com as mais altas honrarias, considerado um verdadeiro herói da nação. Ao relatar as condições da região ao rei, o mesmo preparou cuidadosamente uma enorme frota para retornar, desta vez composta de pelo menos 8 naus e 5 caravelas. O chefe da missão seria um fidalgo chamado Pedro Álvares Cabral, ele seria auxiliado por Bartolomeu Dias. No dia 9 de março de 1500 a frota partiria de Portugal numa missão diplomática, comercial e militar contra os povos da Índia. Fazendo o arco no oceano de acordo com as instruções de Vasco da Gama, a frota de Cabral teve que buscar mais a sudoeste a corrente de ventos que os empurraria de volta a África, o que levou Cabral ao Brasil, no qual ele desembarca em 22 de Abril de 1500. A retomada de Cabral rumo às Índias em 9 de maio de 1500 fazia parte da sua missão principal, que para alguns pode ter sido vista como uma falha, pois Cabral entra em conflito direto com Calicute e leva o conflito bélico para a região. Vasco da Gama retornaria para a região em 1502, onde conseguiria impor dois entrepostos comerciais em Cananor e Cochim. A partir daí, Portugal iniciaria uma guerra para tentar impor seu domínio no Oceano Índico.



A Conquista do Oceano Índico

O rei dom Manuel estava ciente da necessidade de impor sua presença nos mercados do Oriente. A partir do retorno da frota de Vasco da Gama (que faleceu no retorno), d.Manuel vai ordenar uma presença constante da frota portuguesa na região. Com a missão de dominar as rotas de comércio e estabelecer uma guerra santa contra os muçulmanos, o comandante Francisco de Almeida lideraria as ações portuguesas nas Índias. Francisco de Almeida - primeiro vice-rei das Índias - conseguiu controlar a costa Malabar e a cidade de Cochim como aliados aos portugueses, ele faz isso através do conflito armado e da construção de fortalezas locais. Em 1506, no mesmo ano em que Cristóvão Colombo morre na Espanha (acreditando ter chegado nas Índias após ter feito 4 expedições para a América) o rei dom Manuel decide pela troca de comando no Oriente, era a vez de Afonso de Albuquerque tomar o comando, não mais como vice-rei, mas como governador das Índias. Afonso de Albuquerque conseguiu controlar diversas regiões, como Miri, Goa, Cochim, dominou regiões do Sri Lanka e percorreu até o extremo oriente, chegando nas Filipinas, por exemplo. Afonso de Albuquerque conseguira implementar o terror aos califados muçulmanos, invadindo o porto de Ormuz, por exemplo. Numa de suas grandes expedições, ele entrou no Mar Vermelho rumo à Meca, mas graças a falta de disciplina dos Fidalgos, essa grande ofensiva foi adiada e esquecida após a sua morte. Com Francisco de Almeida e Afonso de Albuquerque, Portugal se tornaria a maior potência marítima do planeta.









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